Título: `Economist¿ sugere Brasil em conselho da ONU
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/01/2007, Nacional, p. A7
A revista britânica Economist defendeu, em sua edição desta semana, a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, com a inclusão como membros permanentes de Brasil, Índia, Japão, Alemanha e um país africano. Em um dos artigos que compõem a reportagem de capa ¿ Uma chance para um mundo seguro - Como os mais poderosos podem fazer um melhor uso das Nações Unidas ¿ a revista sustenta que a organização precisará de mais agilidade para manter seu atual nível de êxito na solução dos dilemas da comunidade internacional.
O artigo gerou entusiasmo no gabinete do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que concentrou parte da estrutura diplomática brasileira a serviço da ambição do atual governo de conquistar uma vaga permanente para o Brasil no Conselho de Segurança.
De acordo com a Economist, a reforma do Conselho será um dos desafios inevitáveis do novo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, da Coréia do Sul, que substituiu no último dia 1º um dos mais motivados defensores da ampliação dos membros permanentes, Kofi Annan, de Gana. Na sua tentativa de aprovar a reforma, em 2005, Annan fracassou.
¿O secretário-geral é a face pública das Nações Unidas e leva as pauladas pelos seus fracassos. Mas ele é o servidor de um Conselho de Segurança, freqüentemente dividido, e enfrenta limitações em seu próprio poder. Com muito respeito, esse é o emprego do inferno¿, afirma o artigo.
Em plena comunhão com a posição editorial da revista britânica, o ministro Amorim já iniciou contatos com Ban Ki-Moon em prol de seu objetivo maior. Aproveitou sua passagem por Nova York na última quarta-feira, onde tratou da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) com autoridades americanas, para conversar com o novo secretário-geral sobre a possível reforma do Conselho. Desde o fim de 2006 Amorim retomou sua estratégia para ampliar a rede de apoios à proposta do G-4 ¿ Brasil, Índia, Japão e Alemanha ¿ de apoio recíproco ao ingresso dos quatro no Conselho.
Amorim defende que a ampliação do Conselho, com os quatro países e outros dois africanos como membro permanentes, mesmo sem direito a veto por dez anos, permitiria a esse organismo decisório refletir mais adequadamente o mundo do presente. Assim como Amorim, a Economist argumenta que a atual composição ¿ Estados Unidos, China, Reino Unido, França e Rússia ¿ reflete o mundo pós-guerra de 1945.