Título: Aldo e Chinaglia mantêm briga pela Câmara
Autor: Monteiro, Tânia e Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/01/2007, Nacional, p. A9

Em disputa pela presidência da Câmara, os deputados Aldo Rebelo (PC do B-SP), atual presidente, e Arlindo Chinaglia (PT-SP) disseram ontem, em solenidade no Palácio do Planalto, que é irreversível a decisão de concorrer ao cargo. Na cerimônia de sanção da Lei de Saneamento Básico, eles fizeram questão de se abraçar e conversar amistosamente diante das câmeras, na estratégia de mostrar que vão manter uma relação pessoal e política sem agressões.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a rir da situação dos dois aliados. Sentado ao lado de Aldo, Lula apontava para Chinaglia e ria. Nem no discurso, o presidente fez menção à disputa dos dois, apesar de deixar claro nos bastidores a preferência por Aldo.

A uma pergunta se o abraço era um gesto de conciliação, Aldo disse que ¿a democracia comporta tanto a disputa quanto o acordo¿. E repetiu a resposta, ao ser questionado se um consenso entre ele e Chinaglia para a definição de um único candidato seria possível. Sobre a possibilidade de ocupar um ministério, caso perca a disputa, Aldo declarou: ¿Sou candidato à presidência da Câmara. A minha candidatura não é um projeto pessoal, mas de um conjunto de partidos.¿

Chinaglia foi irônico ao comentar declaração do ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, de que tanto ele quanto Aldo tem capacidade de ser ministro. ¿Me sinto honrado com as palavras do ministro; avalio que são válidas para o deputado Aldo Rebelo¿, disse. ¿Não é apropriado tratar de ministério neste momento.¿

Ele disse que os dois fizeram uma avaliação política das candidaturas e firmaram um pacto de manter o nível da relação política e pessoal entre ambos num encontro de duas horas que tiveram ontem. ¿Trocamos idéias como sempre fizemos. É de nossa responsabilidade manter o nível com absoluto respeito entre nós. Foi uma conversa franca e rasgada.¿

REUNIÃO

Presidentes de todos os partidos que irão participar do governo de coalizão - PMDB, PT, PSB, PC do B, PP, PTB, PL e Prona - reúnem-se na segunda-feira em Brasília. Também poderão participar os dirigentes do PV e do PDT, que decidiram apoiar a coalizão. O objetivo é tentar encontrar um nome de consenso e evitar que a disputa se arraste até o plenário, enfraquecendo a candidatura do governo.

Fiel da balança na disputa entre os dois candidatos da base governista, o PMDB, dono da maior bancada na Câmara, com 90 deputados, só se reunirá na terça-feira. Disposta a dar uma demonstração de boa vontade para com o Planalto, que tem pressa em resolver o dilema, a cúpula do partido resolveu ajudar Lula, antecipando a reunião da bancada que estava prevista para dia 16.