Título: Açúcar e álcool devem ser o 2º item da pauta
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/01/2007, Economia, p. B4

A participação do agronegócio no total das exportações brasileiras vem caindo desde 2004, junto com a chegada da crise ao setor agrícola, segundo mostram dados da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). A fatia do setor nas vendas externas do País em 2007 poderá voltar a crescer por um fato que, segundo a CNA, será a grande novidade do ano: é bem provável que o complexo do açúcar e do álcool supere as exportações de carnes, tornando-se o segundo item mais importante da pauta de exportações do agronegócio, atrás, apenas, do complexo soja.

Segundo o técnico da confederação Matheus Zanella, a participação do agronegócio nas vendas externas do País subiu de 41% em 2001 para 41,1% em 2002, acelerou para 41,9% em 2003, mas em 2004 recuou para 40,5%, caindo para 36,8% em 2005 e 36% no ano que passou. De acordo com ele, o aumento das exportações é fundamental para sustentar o crescimento da produção. ¿O baixo crescimento da economia brasileira vem impedindo um aumento maior na demanda, o que leva a produção agropecuária a buscar mercados externos.¿

Zanella explica que é difícil contabilizar quanto da produção agrícola bruta do País é exportada, já que as contas convergem sempre para o agronegócio como um todo. Mas a contabilidade é possível para alguns produtos da pauta. Entre os grãos, a soja é o produto com maior porcentual exportado - cerca de 45% dos grãos e quase 60% do farelo. Outras importantes commodities agrícolas com alto porcentual exportado são o açúcar (55%) e o café (60%).

Para Zanella, neste ano ¿o crescimento forte (em exportações do agronegócio) continuará a ser do setor de açúcar e de álcool, sobretudo etanol (álcool)¿. Ontem, o Ministério da Agricultura divulgou que as exportações de álcool mais que dobraram no ano passado, indo de US$ 765,5 milhões em 2005 para US$ 1,6 bilhão em 2006.

MAIS DE SEIS VEZES

Segundo Zanella, o complexo sucroalcooleiro vem aumentando as exportações tanto de açúcar, por causa do aumento de preços internacionais, quanto do etanol, sustentado pelo aumento da demanda mundial para combustíveis mais limpos.

No ano passado, as exportações de açúcar, segundo divulgou ontem o ministério, cresceram 57,6% ante o ano anterior (2005), passando de US$ 3,9 bilhões para US$ 6,2 bilhões. Estudo da CNA mostra que o forte crescimento das exportações do setor de açúcar e de álcool ¿tem compensado o menor crescimento das exportações de carnes e a estagnação das vendas externas do complexo soja¿.

A expectativa da instituição é que o açúcar e o álcool assumam a segunda posição na pauta exportadora do agronegócio neste ano, se aproximando das exportações do complexo soja, segundo o estudo.

Dados da confederação mostram que o Brasil se tornou recentemente grande exportador mundial de álcool. Houve crescimento de mais de seis vezes nas vendas externas nos últimos três anos. Os principais compradores do álcool combustível brasileiro são os Estados Unidos, o Japão, a Holanda e a Suécia.

Para a CNA, a grande oportunidade do setor sucroalcooleiro neste ano será a produção de ¿um combustível renovável e altamente competitivo¿ no mercado internacional, já que o etanol brasileiro ¿é o mais barato combustível no mundo¿.

De acordo com a entidade, o custo do álcool é de US$ 0,25 por litro, podendo chegar ao mercado por US$ 50 o barril. O concorrente mais próximo, o álcool produzido a partir do milho americano, tem custo de US$ 52,53 por barril. O mesmo produto é fabricado pelos países da União Européia ao custo médio de US$ 94,54 o barril.