Título: Ministro ameaça intervir se álcool subir demais
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/01/2007, Economia, p. B5

O ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, afirmou que, se os preços do álcool subirem de forma descontrolada, o governo vai intervir no mercado. Ele disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva orientou o Ministério da Agricultura a acompanhar o mercado na entressafra e, no caso de uma alta excessiva, convocar o Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (Cima) para rever o porcentual de mistura do álcool na gasolina, hoje em 23%. Em vez de subir para 25%, como querem os produtores, a mistura poderá ser reduzida para aumentar a oferta de álcool e forçar uma queda no preço.

¿A situação é tranqüila, mas estamos alertas. O governo não vai ficar passivo¿, advertiu o ministro. Ele ponderou, no entanto, que os aumentos verificados até agora estão dentro dos ¿parâmetros normais¿ para esta época, quando os preços tendem a subir por causa da menor oferta e do custo de carregamento dos estoques. Por isso, ele disse acreditar que não será necessária a intervenção do governo. ¿Este ano não haverá o problema de preços que tivemos no ano passado.¿

Em janeiro de 2006, o governo foi obrigado a reduzir de 25% para 20% a mistura na gasolina para estimular a queda dos preços. Segundo Guedes, a situação dos estoques é ¿confortável¿. A previsão é de que no final da entressafra, em maio, os estoques estejam em torno de 500 milhões de litros de álcool. O estoque é hoje de 5,2 bilhões de litros para um consumo mensal de 1,1 bilhão de litros.

¿Temos um estoque confortável e não há motivo para pressão de preços.¿

O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, que esteve ontem com Lula, também minimizou o problema. Para ele, o aumento ocorrido nas últimas semanas é apenas ¿um soluço¿, causado por questões de logística e não de oferta.

Guedes Pinto antecipou que o Cima não se reunirá mais este mês, como o previsto inicialmente, para discutir o aumento do porcentual de mistura de álcool na gasolina. Segundo ele, seria um contra-senso um aumento no porcentual neste momento.

Ele voltou a dizer que houve um aumento da demanda de álcool em dezembro por conta do apagão aéreo que levou os brasileiros a recorrer ao transporte terrestre. Segundo Guedes, esperava-se um aumento de 10% no consumo em dezembro, mas a alta foi de 13%. Ele também avaliou que o crescimento no número de usuários de carros flex fluel (movidos à álcool e gasolina) contribui para o aumento de demanda.