Título: Imagem do Congresso preocupa novatos
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/01/2007, Nacional, p. A6

Os novos deputados, eleitos na esteira da renovação da Câmara, chegam a Brasília receosos de não representarem bem o sentido renovador, assustados com a degradação da imagem do Congresso após os escândalos do mensalão, sanguessugas e do episódio do aumento de salários. Antes de discutir a presidência da Casa, eles querem debater um projeto para melhorar a imagem do parlamento. 'Se chegar num bar e disser que é deputado, todo mundo sai correndo com medo', ironiza Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). 'Quero ser deputado e não um marginal', argumenta Carlos Brandão (PSDB-MA).

Este ano, a taxa de renovação do Congresso (47,9%) foi a mais alta desde 1994. Do total (513 deputados), haverá 244 deputados novos. 'Precisamos discutir um projeto de recuperação da imagem do Congresso', cobra o novato Arnaldo Jardim (PPS-SP), atual deputado estadual. 'Se não fizermos isso, a sociedade vai continuar cobrando', adverte. O novato Paulo Renato (PSDB-SP), ex-ministro da Educação, concorda: 'Mais do que discutir nomes, deveríamos discutir formas para resgatar a imagem da Câmara.'

A maioria esmagadora dos novos está muito preocupada com a imagem da Casa que passará a integrar a partir de fevereiro. 'Se não conseguirmos mudar a imagem do Congresso, não terei coragem de me candidatar novamente em 2010', sustenta o novato Gervásio Silva (PFL-SC). Eles estão ansiosos com a cobrança dos eleitores antes mesmo de chegar a Brasília e com o processo às vezes demorado de adaptação às normas e tradições da Casa e de conhecimento dos colegas que já têm liderança. 'Todo mundo chega ao Congresso se iludindo com promessas', observa Gervásio.

Duarte Nogueira (PSDB-SP), que foi deputado estadual, quer que a disputa da presidência da Câmara inclua uma discussão sobre o resgate da imagem do Parlamento. 'Vamos apoiar quem tiver um compromisso com o resgate da imagem e da eficiência da Casa', diz.

Ângela Amin (PP-SC), que foi deputada no início dos anos 90, diz que 'fica complicado discutir a revitalização do Congresso com outras instituições contribuindo para comprometer a sua imagem'. Ela culpa o Judiciário, que derrubou a cláusula de barreira - um importante passo na reforma política. 'Falam muito do Congresso, mas a gente sabe que a corrupção não está bem lá, mas do outro lado da rua', ataca. 'O Congresso fica muito na vitrine.'

Carlos Brandão acha que a reforma política deveria ser a bandeira dos candidatos à presidência da Câmara. 'Se houvesse uma lei estipulando mais claramente os tetos salariais dos três Poderes, não teríamos passado pelo problema do aumento salarial', raciocina.