Título: Carrões refletem falta de ônibus
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Fonte: O Estado de São Paulo, 07/01/2007, Internacional, p. A16
Atração turística de Cuba, os carrões americanos que desfilam pelas ruas de Havana são apenas a face mais visível da incapacidade do regime em criar um sistema de transporte coletivo eficiente. O metrô é uma ausência e os ônibus, uma tragédia, mesmo para quem vem do Brasil. Os carrões são acima de tudo um investimento. Servem à população como lotações e, em variados estados de conservação, podem custar perto de US$ 4 mil, uma fortuna para os padrões locais, e 'vivem mais tempo na oficina do que com a família', como se queixa uma mãe de família ouvida pelo 'Estado'.
O regime proíbe que cidadãos comuns sejam proprietários de qualquer automóvel fabricado depois de 1955, o que garante longa vida aos calhambeques do pós-guerra. Durante certo período, o governo autorizou profissionais de prestígio, como professores e artistas, a importar os Ladas fabricados na antiga União Soviética. O resultado é que, animais mecânicos em extinção na maior parte do mundo, os Ladas são vendidos a peso de ouro em Havana. Podem chegar a U$ 10 mil - 1.000% a mais do que fora do país.