Título: Expectativa é de poucas reformas na pauta
Autor: Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/01/2007, Nacional, p. A8

Apesar de dizer que não foi eleito para ¿fazer a mesmice¿ e que é preciso ¿discutir reformas¿, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não deu sinal claro da disposição de tocar adiante mudanças constitucionais. Ao menos por enquanto, prevalece no Congresso clima de desconfiança em relação à intenção do presidente de mobilizar sua base para votar as reformas.

Em conversa nos últimos dias com aliados e oposicionistas, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), insistiu na tese de que Lula precisa ser rápido. ¿É necessário não só que diga que quer reformas mas que também ponha em execução seu desejo, a começar pelo sistema político e partidário.¿ Embora a agenda inclua vários itens, até os mais otimistas, como o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), acreditam que o Congresso vai tratar no máximo de dois temas: ¿Se a gente aprovar a reforma política e começar a tributária, teremos cumprido o dever de casa.¿

¿Nosso sistema de representação faliu. Ou o governo muda este modelo, que está esgotado, ou terá de enfrentar novo pedido de CPI a cada semana¿, adverte Renan. ¿Uma CPI sobre Orçamento, agora, fecha o Congresso e compromete todo o núcleo do governo. É melhor agir logo do que ter que reagir diante de uma situação calamitosa¿, aconselha o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE). ¿Se o governo não tratar de reformar logo esse processo, as relações do Congresso com o Executivo continuarão viciadas e a corrupção vai crescer.¿ Renan diz estar convencido de que é possível envolver setores da oposição nesse processo.

Para Fontana, não há demora na movimentação presidencial. Ele argumenta que o governo deve aguardar ¿a transição real¿, o que inclui reforma ministerial e sucessão no Legislativo. Admite que cabe ao Planalto dar a largada do processo, enviando ao Congresso sinal claro do interesse nas reformas, mas diz que o governo não pode ¿passar do ponto¿ na intervenção, pois a tarefa é do Parlamento.

¿O PT vai entrar de corpo e alma na reforma política, a partir de 1º de fevereiro¿, anuncia. ¿A votação das reformas pressupõe a organização e a mobilização dos aliados e é evidente que a existência de dois candidatos a presidente da Câmara, com possibilidade do surgimento de um terceiro nome na disputa, desorganizam o processo político¿, adverte o líder, que defende a unidade da base em torno de um nome só.