Título: PSDB apóia Chinaglia, mas não garante 100% dos votos da bancada
Autor: Domingos, João e Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/01/2007, Nacional, p. A4

O líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA), anunciou ontem, em Vitória (ES), apoio da maioria do partido à candidatura do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) à presidência da Câmara. Jutahy disse que ele e outros companheiros, de todas as regiões, fizeram uma consulta a praticamente todos os 66 deputados eleitos ou reeleitos. Apuraram que o voto da maioria será em Chinaglia, hoje líder do governo na Câmara.

Jutahy não quis citar o porcentual de quem vota no candidato do PT e de quem apóia o candidato à reeleição, Aldo Rebelo (PC do B-SP), também da base aliada, mas tido como um pouco mais independente em relação ao Palácio do Planalto. Ficou claro que a decisão não abrange todo o partido.

Parlamentares do PSDB apressaram-se em dizer que não concordam com a decisão. Sílvio Torres (PSDB-SP), reeleito, chegou a sugerir que a bancada antecipe a eleição do novo líder, para tirar Jutahy do posto. O deputado Paulo Renato (PSDB-SP) também reclamou: ¿Não podemos tomar decisão de afogadilho. Essa decisão só pode ser tomada em uma reunião da bancada, convocada especificamente para isso, não por consultas telefônicas.¿

FESTA

O anúncio da consulta foi festejado por Chinaglia. Ao ser comunicado por Jutahy sobre o resultado da pesquisa, por telefone, o petista respondeu: ¿Vou pegar um avião e vou a Vitória participar do anúncio.¿ Por volta das 17 horas, ele chegou à cidade, onde já o aguardavam, além de Jutahy, os deputados tucanos Sebastião Madeira (MA), Ricardo Santos (ES) e Nárcio Rodrigues (MG), o vice-governador Ricardo Ferraço (PSDB) e o prefeito de Vitória, João Coser (PT).

¿O PSDB vai respeitar a proporcionalidade, o que já é um compromisso histórico do partido. Por isso, apóia a candidatura de Arlindo Chinaglia¿, disse Jutahy. Ele lembrou que, por esse critério, quem deveria indicar o candidato a presidente seria o PMDB, dono da maior bancada, mas os peemedebistas abriram mão da disputa.

¿Vou fazer uma administração democrática, com respeito à proporcionalidade¿, disse Chinaglia. Lembrou que o vice-presidente deve ser alguém do PSDB. O mais forte nome para disputar o posto é o de Nárcio, apoiado pelo governador de Minas, Aécio Neves.

STALINGRADO

O apoio do PSDB a Chinaglia foi um baque na candidatura de Aldo, que contava com a oposição para vencer no plenário. Também informado por Jutahy sobre o resultado da consulta, ele disse que manteria a candidatura. Mais tarde, à imprensa, disse estar confiante na vitória e que nunca cogitou desistir.

Aldo buscou na 2.ª Guerra uma comparação com sua estratégia de ¿resistência¿. ¿Stalingrado será no dia 1º de fevereiro¿, afirmou, referindo-se à invasão da Rússia pela Alemanha nazista. ¿Estão tentando impor um cerco a Stalingrado. O cerco durou muito tempo, mas deixou de existir.¿

No início da semana, Aldo já fora surpreendido por decisão do PMDB semelhante à dos tucanos. Também por maioria, o partido decidiu o voto em Chinaglia. Juntos, PT, PSDB e PMDB terão 238 deputados. O PP, com 41 deputados, também tende a apoiar o petista. Nesse caso, a vitória de Chinaglia seria tranqüila, porque a eleição é vencida com 257 votos.