Título: Onda de lama em Minas avança 55 km
Autor: Lousada, Bruno
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/01/2007, Metrópole, p. C1

A mancha de lama que inundou três cidades da Zona da Mata de Minas deve atingir ainda hoje cinco municípios do noroeste do Rio e deixar 127 mil pessoas o sem água por até sete dias. A mancha já tem 55 quilômetros de extensão e foi causada pelo rompimento, anteontem, da barragem do reservatório da mineradora Rio Pomba Cataguases, em Miraí (MG). Vazaram no Rio Fubá 2 bilhões de litros de água misturada com argila.

Em Minas, além de Miraí, as cidades de Muriaé e Patrocínio de Muriaé foram inundadas pela lama, que deixou um rastro de destruição: casas e comércio alagados e pelo menos 12,5 mil moradores desabrigados ou desalojados. Caso do desempregado Milton Dias do Prado, de 47 anos, de Muriaé. Ele comparou o que viveu às cenas da destruição que viu pela televisão em países da Ásia, com o tsunami de fins de 2005. ¿Fiquei abismado. A água veio até o peito¿, disse Prado, que tem mulher e três filhos e perdeu tudo com o acidente.

O drama de Prado será vivido hoje por moradores de Itaperuna, São José de Ubá, Cardoso Moreira e Italva, no Rio. Segundo o presidente da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio (Cedae), Wagner Victer, era previsto que a onda de lama atingisse ontem à noite Laje do Muriaé, a 360 km da capital fluminense. Pela manhã, o prefeito da cidade, José Geraldo Pereira de Carvalho, decretou estado de emergência por conta da enchente provocada pela alta do nível do Rio Muriaé, que transbordou por conta da grande quantidade de lama na água.

A Rio Pomba foi interditada e multada em R$ 75 milhões pelo governo mineiro. Em sua defesa, atribui o rompimento da barragem às chuvas. A argila que vazou para os rios não contém material tóxico, segundo análise feita na terça-feira por técnicos da Fundação Estadual do Meio Ambiente.