Título: Sudam: alvo de Jader e Sarney
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Fonte: O Estado de São Paulo, 10/01/2007, Nacional, p. A4

A nova Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) não foi ainda criada nem há notícias de quando será instalada, mas três políticos tão fortes em seus Estados quanto influentes com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já trabalham para indicar os principais dirigentes da futura autarquia. Lutam lado a lado para fazer a partilha da Sudam o senador José Sarney (PMDB-AP), o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA) e o ex-governador do Acre Jorge Viana (PT). Os dois primeiros são conselheiros do presidente e já dominam boa parte dos cargos no governo. Viana é sério candidato a se tornar ministro das Relações Institucionais. Também tem muita influência com Lula.

A Sudam foi extinta pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso depois que se constataram desvios de dinheiro público num montante de R$ 1,73 bilhão. No ano passado foi recriada pelo Congresso - assim como a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) - em lei que o presidente sancionou numa cerimônia especial no Palácio do Planalto.

Como há fartura de cargos, nenhum dos três políticos tão ligados a Lula se estapeiam por eles. Até se conformam com os ¿prejuízos¿. Sarney, por exemplo, nem se importou por perder a presidência da Eletronorte para Jader. Depois da saída de Silas Rondeau, que foi nomeado ministro de Minas e Energia por Lula, o deputado emplacou na Eletronorte seu aliado Carlos Nascimento.

Jader tem também influência no governo da petista Ana Júlia no Pará. Nomeou seu fiel aliado Arthur Tourinho para a presidência da Junta Comercial do Estado. Tourinho foi o último superintendente da Sudam. Acabou indiciado pela Polícia Federal por irregularidades. Jader tem a intenção de conseguir o cargo de ministro do Meio Ambiente para seu primo José Priante, caso Marina Silva saia.

A busca pelos cargos da Sudam só encontra um problema pelo caminho: não há data para a instalação da autarquia. Ao sancionar a lei que recriou a Sudam, o Lula vetou o artigo que determinava sua instalação em 120 dias. Com isso, afastou momentaneamente os apelos pelos cargos. Como não há data para que surja a nova Sudam, ela ficará no papel até que o presidente decida qual será o melhor momento de reinstalá-la. Ou até que sucumba à pressão dos aliados para que reabra a autarquia e nomeie seus afilhados políticos.