Título: Para analistas, real vai continuar se valorizando
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/01/2007, Economia, p. B1
Apesar dos recentes solavancos nos preços das commodities, que têm enervado os mercados nos últimos dias, a maioria dos bancos estrangeiros mantém a avaliação de que o real brasileiro continuará sendo uma das moedas mais atraentes do universo emergente em 2007, sustentado por taxas de juros reais ainda elevadas e pela manutenção de um bom resultado na balança comercial do País.
O Deutsche Bank, por exemplo, recomenda a seus clientes maior exposição ao real e às moedas da Argentina e do Peru. 'Apesar dos grandes volumes de dólares que continuam sendo comprados pelo Banco Central, taxas de juros domésticas elevadas e superávits em conta corrente deverão manter o apoio à moeda brasileira', afirmaram os estrategistas do banco. Eles prevêem que o real poderá atingir uma cotação inferior a R$ 2,10 ante o dólar neste primeiro trimestre, fechando 2007 em torno dos R$ 2,20.
Os analistas esperam que o presidente Lula mantenha políticas macroeconômicas ortodoxas em seu segundo mandato. 'A menos que ocorra um significativo declínio nos preços de commodities ou um colapso do dólar nos mercados globais, esperamos que o real seja negociado dentro de uma faixa estável neste ano', afirmaram.
Os estrategistas do Danske Bank consideram o real como a moeda mais atraente da América Latina. 'O real é apoiado por um setor exportador bem diversificado e um superávit comercial vigoroso', afirmaram os analistas do banco dinamarquês. Eles acrescentaram que o real também tem sido fortalecido pelas operações de carregamento.
COMMODITIES
Ontem, nos mercados internacionais, os contratos futuros de zinco ampliaram as recentes perdas ao atingir os menores níveis em três meses. Segundo analistas, houve vendas especulativas orientadas pelo aumento dos estoques e reajuste do índice de commodities Dow Jones-AIG. Anualmente, esse índice sofre alterações conforme a participação de cada metal no mercado internacional. Os especialistas esperam uma pressão adicional de baixa dos preços dos metais básicos ao longo da semana.
Os contratos de zinco para três meses despencaram mais de 8%, para a mínima cotação em três meses. O metal acumula queda de quase 19% desde o início do ano. 'A pressão de vendas técnicas vai continuar no mercado de zinco, como se esperava no fim do ano', disse Michael Cuoco, da Mitsui Bussan Commodities Inc.
O complexo de metais básicos como um todo está mais fraco por causa de vendas de grandes fundos, disse um operador de mercado.
Outras commodities, como o petróleo, também vêm sentindo a pressão. 'Os prognósticos para zinco, níquel e chumbo parecem sob severa pressão durante o ajuste do índice Dow Jones-AIG', disse Michael Skinner, do Standard Bank. . 'Com o ajuste do índice mantendo os participantes do mercado bastante cautelosos nos mercados de zinco e níquel, a perspectiva de recuperação dos preços antes do final da semana é pequena', observou Kevin Norrish, do Barclays Capital.