Título: Bolsa passa dos 45 mil pontos no primeiro pregão do ano
Autor: Dolis, Rosangela
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/01/2007, Economia, p. B3

O feriado ontem nos Estados Unidos, em memória do ex-presidente Gerald R. Ford, que morreu na semana passada, deixou a Bolsa de Valores de São Paulo sem um referencial e diminuiu a participação de investidores estrangeiros nos negócios. Mas não impediu que no primeiro pregão do ano a Bovespa registrasse novo recorde, passando os 45 mil pontos: alta de 2,04%, de 44.473 pontos na quinta-feira, último pregão de 2006, para 45.382.

As altas acima de 1% das bolsas européias abriram espaço para que fatores internos positivos elevassem o índice de forma consistente ao longo de todo o dia. A bolsa de Frankfurt subiu 1,28%; de Londres, 1,45%; de Paris, 1,37%; e de Madri, 1,54%.

Internamente, os investidores gostaram do discurso de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o segundo mandato, ¿em especial da ênfase dada ao crescimento¿, disse Antonio Milano, diretor de Operações da Fator Corretora. Isso favoreceu sobretudo ações de empresas ligadas ao consumo e à área de infra-estrutura - neste caso, ações de concessionárias de rodovias, de empresas de material de construção e siderúrgicas, entre outras.

O resultado da balança comercial em 2006, divulgado ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior , também surpreendeu positivamente o mercado. ¿O saldo de US$ 46,08 bilhões ficou acima do esperado¿, disse Carlos Alberto Ribeiro, diretor de Operações da Novação DTVM. Ele considera ¿viáveis¿ as estimativas de que o Ibovespa possa subir para 54 mil pontos até o fim do ano, com valorização na casa dos 20%.

Ainda segundo Milano, só ontem as ações da Petrobrás reagiram ao anúncio feito pela empresa na quinta-feira confirmando a viabilidade comercial de 2,1 bilhões de barris de óleo equivalente (somado ao gás) em 19 novas áreas de exploração nas Bacias de Santos, de Campos e do Espírito Santo, ampliando suas reservas. O lote de mil ações PN da empresa registrou ontem alta de 2,25%.

JUROS E RISCO PAÍS

Um nova queda dos juros ontem também ajudou a bolsa. O contrato de juro futuro com vencimento em janeiro de 2008 foi negociado na BM&F a 12,31% ao ano, com queda de 0,49%. Ontem, com o feriado nos EUA, não houve divulgação do risco País, mas a manutenção desse indicador em níveis baixos também é favorável.

Para Milano, a bolsa foi favorecida ainda por uma reação ¿tardia¿ ao indicador divulgado na quarta-feira nos Estados Unidos que mostrou que haverá uma acomodação gradual, e não uma queda abrupta, como se temia, dos preços dos imóveis. ¿Isso diminui riscos no mercado de crédito global.¿

Milano citou também como positivo o fato de não terem ocorrido distúrbios após o enforcamento de Saddam Hussein na madrugada de sábado no Iraque. ¿Isso também sossegou o mercado, que temia conflitos e pressões sobre o preço do petróleo.¿

ESTRANGEIROS

Analistas disseram que os investidores estrangeiros não ficaram totalmente fora do mercado ontem, mas participaram de forma menos intensa. Um sinal de que esses investidores estavam meio fora é que ações de menor liquidez tiveram oscilações maiores que as de maior liquidez, segmento em que atuam os estrangeiros, explicou Luiz Antonio Vaz das Neves, diretor de Pesquisa da Planner corretora. O capital estrangeiro respondeu pela maior fatia de negócios na Bovespa em 2006, com participação de 35,6% até dia 26.

NOVO ÍNDICE

A Bovespa estreou ontem o novo índice, com a entrada de quatro ações (e saída de uma) na lista anterior. A estreante Cosan ON teve o maior destaque. A alta de 5,79% obtida pelo papel foi a maior entre as ações do índice Bovespa. As demais novatas também se valorizaram: Gol PN subiu 1,46%; Submarino ON, 3,58%; e Cyrela ON, 1,02%. O novo índice vale até abril.