Título: Otimista, presidente diz que fará governo duro e exigente
Autor: Monteiro, Tânia e Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/12/2006, Nacional, p. A4

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que seu segundo mandato será muito mais duro e muito mais 'exigente' do que o primeiro, mas que também está agora mais preparado e otimista para os próximos quatro anos. Ao participar da abertura de uma exposição de fotos sobre sua campanha, feita pelo fotógrafo oficial da Presidência, Ricardo Stuckert, Lula voltou a falar da necessidade de integração dos programas de governo.

'Obviamente que nós, com quatro anos de experiência, temos que trabalhar muito mais, temos de fazer muito mais. Todo mundo já está calejado, todo mundo já sabe o que tem de fazer. As políticas já estão definidas e determinadas', disse em rápida entrevista ainda na exposição. 'Portanto, cada ministro que for trabalhar sabe que não tem programa individual, que os programas estão determinados pelas políticas do governo.'

Ao analisar seu primeiro mandato, Lula deixou a modéstia de lado e afirmou que termina os primeiros quatro anos em 'situação privilegiada'. 'Poucos presidentes tiveram a felicidade e a alegria de terminar o mandato numa situação tão boa como estamos terminando', garantiu. 'Do ponto de vista político, do ponto de vista econômico, do ponto de vista das políticas sociais, as coisas deram certo. As pessoas estão podendo viver um pouco melhor.'

O presidente declarou, no entanto, que não tem plano para os primeiros cem dias de seu novo governo, porque a 'história demonstra que em cem dias as pessoas não conseguem fazer absolutamente nada'. 'Nós não temos de fazer um plano de cem dias porque nós estamos numa estrada e numa velocidade que tende a aumentar.' Segundo Lula, já estão prontos os projetos prioritários de infra-estrutura, especialmente na área de transportes. Agora, disse, é preciso se preocupar com a distribuição das verbas do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). O presidente disse ainda que 'vai mostrar para o Brasil que está preparando o País para crescer'.

O novo pacote de medidas econômicas para incentivar o crescimento, porém, ficam para depois de suas férias. Lula informou que desistiu de participar da posse de Daniel Ortega, na Nicarágua, em janeiro, e de visitar Fidel Castro, em Cuba, no mesmo período, como havia pensado. 'Eu me convenci de que preciso tirar dez dias de férias', confessou.

Mancando, o presidente revelou ainda que voltou a sentir dores no pé direito, machucado no mês passado. 'É a mesma coisa que me deu na Nigéria. Estou com medo de que seja a idade', brincou, referindo-se à sua última viagem presidencial.

Ao chegar à exposição - montada numa tenda no gramado da Esplanada dos Ministérios -, Lula foi saudado por petistas entusiasmados que já lotam Brasília para a posse de amanhã. Deu autógrafos e distribuiu beijos. Na tenda, encontrou Everton Conceição Santos, de 8 anos, de Lauro de Freitas (BA) - menino que aparece na principal foto da sua campanha à Presidência deste ano. Everton e a mãe, Odevânia, viajaram a Brasília a convite da Presidência e assistirão à posse ao lado de beneficiários de programas sociais, como o Bolsa-Família. O menino tirou fotos no colo de Lula e da primeira-dama, Marisa Letícia.

O presidente Lula também visitou ontem a exposição permanente da Marinha, onde ganhou um livro sobre história naval.