Título: No discurso de posse, Lula renovará compromisso com inclusão social
Autor: Monteiro, Tânia e Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/12/2006, Nacional, p. A4

Na cerimônia de posse do segundo mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva usará os dois discursos que fará amanhã para exaltar sua ligação com os eleitores mais pobres. Lula vai resgatar o cenário que encontrou em 2003, quando assumiu pela primeira vez, e renovar o compromisso de inclusão social. Dirá que até agora deixa como legado a economia estabilizada e a inflação sob controle.

A idéia é mostrar o que aconteceu no Brasil em quatro anos, quem era o presidente e como tudo mudou - contou ao Estado um dos auxiliares do presidente. O primeiro pronunciamento, no Congresso, terá tom mais formal. O segundo, de improviso, será embalado pela emoção, pois ocorrerá quando Lula já estiver com a faixa presidencial, no Parlatório do Palácio do Planalto, diante do povo, na Praça dos Três Poderes. Nos dois discursos, a marca que pretende dar ao segundo mandato: crescimento com distribuição de renda.

Ao ser empossado no Congresso, como manda a Constituição, o presidente falará sobre a importância de ampliar o diálogo com os partidos e de governar com todas as forças políticas, da esquerda à direita. A uma platéia de deputados e senadores, Lula abordará, ainda, seu assunto preferido desde a eclosão das crises que abalaram o governo: a necessidade da reforma política, uma promessa não cumprida no primeiro mandato.

Em 1º de janeiro de 2003, o presidente também convocou a população para um mutirão nacional contra a fome e a miséria. Usou 14 vezes o substantivo fome e em outras 14 se referiu à necessidade de mudança, considerada por ele a 'palavra-chave' do governo e 'a grande mensagem' da sociedade depois das eleições. Na ocasião, prometeu fazer as reformas da Previdência, tributária, política e trabalhista. De todas, a única que saiu do papel, e mesmo assim parcialmente, foi a previdenciária.

Quatro anos e muitas crises depois, o mote dos discursos será o desenvolvimento. Tanto no Congresso como no Parlatório, Lula vai insistir em que a melhoria das condições de vida da população virá com a distribuição de renda. O tema é recorrente. 'É absolutamente necessário que o País volte a crescer gerando emprego e distribuindo renda', disse, ao discursar no Congresso, em 2003.

A educação é outro tema que merecerá destaque no discurso, assim como seu relacionamento com os movimentos sociais. Ele tem reiterado que abriu o Planalto para os trabalhadores. 'Um palácio não pode ser só para reis e rainhas', costuma dizer. Xodó de Lula, a política externa, com ênfase nas relações com os países africanos e sul-americanos, também será mencionada como sucesso do primeiro mandato.

Desta vez, quer fazer um discurso mais longo do que em 2003 no Parlatório. Há quatro anos, Lula foi surpreendido pela distância entre o púlpito e a praça onde estava o povo. Acostumado a discursar nos palanques, encarando os eleitores, ficou intimidado. Agora, porém, já se habituou ao figurino do poder.

Às vésperas da posse, Lula visitou ontem uma exposição e foi festejado por simpatizantes.