Título: Sucessão na Câmara será primeiro teste para base
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/01/2007, Nacional, p. A10

A eleição para a presidência da Câmara será o primeiro teste da nova base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu segundo mandato, que pretende ser de coalizão.

Com a base dividida até agora, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e o líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), procuram durante o recesso parlamentar avançar nos votos e se consolidar como o candidato viável dos partidos que dão sustentação a Lula.

Na última vez em que houve mais de um candidato ligado ao Planalto, em 2004, o resultado, surpreendente, foi a vitória de Severino Cavalcanti (PP-PE), que terminou renunciando para evitar cassação.

Aldo conta com bom trânsito na oposição. ¿Ele assumiu o compromisso de defesa da instituição e a pauta será feita com os líderes dos partidos¿, afirmou o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), franco defensor da reeleição de Aldo. ¿Ele foi correto com a oposição¿, disse Maia.

Para o deputado, também é importante o compromisso do comunista de montar as pautas de votação levando em conta os interesses dos Estados (leia texto na página ao lado). ¿A Câmara não pode ter uma pauta só de interesse do governo federal¿, avaliou Maia.

CONTAS

Aldo contabiliza os votos do PSDB (que elegeu 66 deputados) e do PFL (65). Os partidos que buscam votos pela reeleição são as pequenas bancadas do PCdoB (13 deputados) e do PSB (com bancada de 27 parlamentares). O comando de campanha de Aldo avalia que, no plenário, o comunista terá votos suficientes para ganhar do adversário e apostam em apoios até mesmo na bancada do PT, com 83 deputados.

¿Se ele me apontar os dez votos que diz ter no PT, eu direi os cinco que eu tenho no PCdoB¿, retruca Chinaglia, afirmando estar seguro de seus avanços na campanha. O petista começa a viajar na semana que vem aos Estados para se reunir com as bancadas. Antes, divulgará uma carta aos deputados nesta semana com o programa que pretende desenvolver caso seja eleito. Chinaglia pretende convencer o presidente Lula e os partidos da base de que é o nome mais viável para a Câmara.

RECEIO DO PT

Aliados de Aldo avaliam que, no voto secreto, o PT será derrotado e é por esse motivo que os partidários do petista falam tanto em candidato único da base. O entendimento de apoiadores do comunista é que, na presidência da Câmara, o PT vai centralizar mais poder no partido sem abrir espaço para as siglas aliadas.

Dos 513 deputados, 270 foram reeleitos e já conhecem e convivem com os dois candidatos. Dos demais 243 que assumirão em 1º de fevereiro, 240 já exerceram mandato ou cargo público e apenas 43 são realmente marinheiros de primeira viagem.