Título: Decisão derruba cotação de ações das empresas interessadas nas concessões
Autor: Marques, Gerusa e Goy, Leonardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/01/2007, Nacional, p. A6
No mercado financeiro, a suspensão do programa de concessão de sete trechos rodoviários federais já liberado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) frustrou ontem os investidores. As cotações dos papéis da Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR) e da OHL Brasil, empresas que estariam entre as principais interessadas em participar do processo de privatização do segmento, desabaram. O valor do lote de mil ações da OHL caiu 12,61%, de R$ 32,50 na terça-feira para R$ 28,40. O papel da CCR, também cotado em lote de mil ações, recuou 7,38%, de R$ 27,48 para R$ 25,45.
A expectativa do mercado era que essas duas empresas se empenhariam em assumir pelo menos os dois trechos mais rentáveis do programa: a Fernão Dias (BR-381), entre São Paulo e Belo Horizonte, e a Régis Bittencourt (BR-116), entre São Paulo e Curitiba. No total, os sete trechos somam 2,6 mil quilômetros.
O presidente da CCR, Renato Alves Vale, disse que foi pego 'de surpresa' e que a empresa estava preparada para disputar os sete trechos de rodovias federais que seriam concedidos à iniciativa privada. 'Não tínhamos limitação de recursos para participar de todos', afirmou.
Os papéis dessas duas empresas vinham atraindo as atenções dos investidores desde o início de novembro do ano passado, quando o TCU liberou o processo de privatização dos sete trechos, disse Renato Onishi, analista dos setores de saneamento e concessões do Banco Fator. As ações da OHL haviam subido 14,88% de 2 de novembro a terça-feira; com a queda de ontem, a alta desde novembro foi praticamente anulada - ficou reduzida a 0,38%. Os papéis da CCR registravam de 2 novembro a terça-feira valorização de 16,04%, mas, considerando o pregão de ontem, a alta acumulada está agora em menos da metade, em 7,47%.
As ações da ALL Ferrovias também cederam ontem (-2,76%). O retrocesso na concessão de rodovias deixou dúvidas sobre os demais estímulos à infra-estrutura prometidos pelo governo.