Título: IGP-DI tem alta de 3,67%, mas é o 4º menor da história
Autor: Froufe, Célia
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/01/2007, Economia, p. B3

O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) fechou 2006 com alta de 3,79%, a quarta menor taxa da história do índice, criado na década de 40 e usado para reajustar a dívida dos Estados junto à União. Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), isso reflete o cenário atual no País, de inflação baixa e sustentável.

O aumento em relação a 2005, quando a taxa foi de 1,22%, foi provocado, principalmente, pela alta de preços das commodities no atacado. Mas a desaceleração do IGP-DI de novembro para dezembro (de 0,57% para 0,26%), devido à queda do preço da soja (-0,01%), também influenciou a taxa anual. O coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, disse que o resultado de 2005 foi excessivamente baixo, o menor da série histórica, e beneficiado pela forte valorização do real ante o dólar.

Para ele, a taxa de 2006 é mais próxima da realidade. 'Mas essa repetição, de duas taxas baixas seguidas, significa que esse cenário não é algo isolado. É sustentável.'

Para Quadros, a inflação controlada deve se repetir em 2007 - o IGP-DI do ano deve ser, no máximo, de 4%. 'Não tem como ir além disso.' Os preços do atacado devem registrar patamar igual ou menor que os de 2006 - sendo que o setor é o de maior peso na formação do indicador.

Para o economista, as perspectivas para a inflação do atacado são bem favoráveis, com boas estimativas em áreas que influenciam diretamente o setor, como câmbio, agronegócios, petróleo e economia mundial. 'Não há perspectiva de choques de preços.'

No ano passado, os preços do atacado subiram 4,29% ante a queda de 0,97% em 2005. Isso porque o impacto da inflação das commodities afetou principalmente o setor atacadista. 'O atacado foi o que mais influenciou o IGP-DI de 2006.'

Porém, o aumento nas commodities já começa a perder força. De novembro para dezembro, a inflação no setor atacadista desacelerou (de 0,75% para 0,11%), devido à elevação menos intensa no preço do milho (de 13,89% para 7,39%).

Em trajetória oposta, a variação de preços no varejo foi menor em 2006: 2,05% ante 4.05% em 2005. Houve deflação nos alimentos alimentos (-0,51%), principalmente in natura (-6,54%). Mas de novembro para dezembro a elevação de preços para o consumidor subiu (de 0,24% para 0,63%), pressionada pelo fim da deflação no transporte urbano (de -0,16% para 3,42%).