Título: Assessores pedem segredo sobre queixas do presidente
Autor: Paraguassú, Lisandra e Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/12/2006, Nacional, p. A4

Em três momentos da reunião no Palácio do Planalto, assessores pediram segredo aos representantes de movimentos sociais que ouviam o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso ocorreu, de acordo com o relato de participantes da reunião, quando Lula reclamou das idéias ¿mirabolantes¿ e ¿populistas¿ que tem escutado em encontros internacionais, da ¿desobediência¿ do PT em lançar candidato à presidência da Câmara e do ¿castigo¿ imposto a ele pela mídia durante o processo eleitoral.

Num determinado momento, Lula se queixou dos que exigem que a economia do Brasil tenha o mesmo desempenho da economia chinesa, que nos últimos anos vem crescendo de 9% a 10% anuais. Foi quando o presidente criticou o PT.

¿Na China não tem mais de um partido político. Aqui nem o PT me obedece¿, disse. Ele se referia à decisão do partido de lançar a candidatura à presidência da Câmara do líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), embora ele prefira a reeleição de Aldo Rabelo (PC do B-SP). Por último, Lula avaliou que a mídia não foi correta no primeiro turno da eleição presidencial. ¿A mídia me castigou¿, reclamou.

`MIRABOLANTE¿

No longo discurso, Lula teria relatado aos representantes dos movimentos sociais que na segunda reunião de chefes de Estado da Comunidade Sul-Americana, em Cochabamba (Bolívia), no fim de semana, o presidente do Peru, Alan Garcia, defendeu um projeto único de educação no continente. ¿Eu disse que o projeto é importante. Mas como nós, que não conseguimos fazer uma ponte juntos, vamos fazer um megaprojeto de educação?¿, teria contado o presidente. ¿Tem muita idéia mirabolante e populista¿, completou. ¿Não quero espontaneidade nem voluntarismo.¿

Participantes da reunião contaram que logo depois disso o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci, pediu aos ¿companheiros¿ que não relatassem as reclamações feitas por Lula. Dulci, segundo eles, explicou que pedia discrição até para evitar ¿problemas diplomáticos¿.