Título: Presidente reúne conselho político e acena com novo estilo de negociação
Autor: Fontes, Cida e Paraguassú, Lisandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/12/2006, Nacional, p. A5
Na primeira reunião do conselho político, ontem no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou temas polêmicos. Ficaram de fora a disputa pelas presidências da Câmara e do Senado e a reforma ministerial, mas Lula se comprometeu a adotar com os partidos aliados um novo modelo de interlocução. A idéia é que nenhum projeto seja enviado ao Congresso sem passar pelo crivo do grupo, formado pelos dirigentes de dez partidos que participarão do chamado governo de coalizão.
¿Quero ter uma sintonia fina com os partidos políticos que me apóiam¿, declarou Lula, de acordo com relato do ex-ministro Roberto Amaral (PSB).
Dentro do novo modelo de interlocução, a primeira proposta a ser submetida aos aliados - em reunião do conselho marcada para a próxima quarta-feira - será o pacote de medidas destinadas a incrementar o desenvolvimento da economia.
Com a nova estratégia, o presidente terá o respaldo das bancadas aliadas nas votações de projetos do governo. Assim, evitará que seus partidários tomem conhecimento das propostas quando elas já estiverem tramitando no Congresso.
Na reunião de ontem, os aliados não discutiram com o presidente, segundo participantes, a disputa na base do governo em torno do lançamento de candidaturas à presidência da Câmara. Esse assunto só será decidido no próximo encontro, quarta-feira.
Até lá, os dirigentes partidários aliados tentarão definir uma posição em suas próprias bancadas para levá-la ao presidente. ¿Se alguém disser que há consenso entre os partidos, não está dizendo a verdade¿, afirmou o presidente de honra do PL, senador eleito e ex-ministro Alfredo Nascimento (AM).
Ele contou que, antes da conversa de ontem com Lula, os dirigentes partidários fizeram uma reunião prévia e concluíram que ainda não há consenso sobre a sucessão na Câmara.
PARTICIPAÇÃO EFETIVA
Ao abrir o encontro, Lula disse que os partidos terão participação efetiva nas decisões sobre os projetos do governo. Ele deu ênfase à necessidade de crescimento da economia e à valorização da participação dos aliados nas decisões, deixando claro que quer ouvir as propostas sobre temas como a reforma fiscal.
O ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, confirmou, ao sair do encontro, que Lula submeterá ao conselho na próxima reunião as propostas de medidas para incrementar o crescimento da economia. Disse que os aliados examinarão as propostas e vão se manifestar, inclusive apresentando alternativas.
De acordo com Tarso, esse primeiro encontro com o conselho político representou um momento importante para o governo. ¿Nos dá solidez política e base parlamentar para governar com eficiência¿, declarou.
Fico acertado que os partidos vão se reunir e, dentro de 45 dias, apresentarão a Lula suas propostas para as reformas tributária e política.
Representaram os partidos Marco Aurélio Garcia (PT), Renato Rabelo (PC do B), Vitor Araújo (PRB), Michel Temer (PMDB), Carlos Lupi (PDT), Alfredo Nascimento (PL), Luiz Penna (PV), Nélio Dias (PP) e Eduardo Campos (PSB). Também estiveram reunidos o líder do PTB na Câmara, José Múcio (PE), o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, e o senador Marcelo Crivella (PRB).