Título: Dossiê foi armação contra PT, diz Frateschi
Autor: Pereira, Rodrigo
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/12/2006, Nacional, p. A10

O presidente estadual do PT, Paulo Frateschi, negou ontem em depoimento à Polícia Federal que os diretórios paulista e nacional ou os comitês de campanha do presidente Lula e do senador Aloizio Mercadante tenham participado da tentativa de compra de documentos que supostamente envolveriam políticos tucanos com a máfia dos sanguessugas - o chamado dossiê Vedoin.

Para Frateschi, o PT foi vítima de uma armação e as investigações comprovarão essa tese. Disse não ter 'a mínima idéia' da origem do R$ 1,75 milhão que seria usado para a compra do dossiê - apreendido com os petistas Valdebran Padilha e Gedimar Passos no dia 15 de setembro em um hotel de São Paulo. E alegou que o dinheiro pode ter vindo 'de qualquer lugar'.

Ele defendeu o presidente licenciado do PT, Ricardo Berzoini, citado no relatório parcial do delegado Diógenes Curado, responsável pelo inquérito. 'Tenho certeza de sua inocência e de que não está envolvido em nada.'

Frateschi disse que 'como todo o povo brasileiro' foi surpreendido com o escândalo e admitiu que, apesar de esperar a absolvição do PT no inquérito, não tem 'a mínima idéia' de como isso vai ocorrer. 'Já tenho dificuldade no meu raciocínio político com o PT. No policial então, sou uma negação.'

Os tesoureiros do PT estadual, Antonio dos Santos, e da campanha de Mercadante, José Giácomo Baccarin, além do segundo suplente do senador, João Vaccari Neto, também foram ouvidos por Curado. O advogado dos petistas, José Roberto Leal de Carvalho, disse que eles 'desconheciam qualquer ligação' com o esquema e negaram participação no escândalo.

Curado ouviu ainda o gerente de tesouraria da Transbank, Cláudio Cardilli. A PF suspeita que a empresa tenha transportado parte do valor apreendido.