Título: País precisa de R$ 3,6 bi para enfrentar seca
Autor: Assunção, Moacir
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/12/2006, Nacional, p. A12

O secular drama da seca no Nordeste pode ser resolvido com investimentos da ordem de R$ 3,6 bilhões. É o que revelou estudo coordenado pela Agência Nacional de Águas (ANA), órgão do Ministério do Meio Ambiente, em 1.300 municípios do semi-árido nordestino e mineiro.

O trabalho demonstrou que os problemas de abastecimento devem atingir cerca de 41 milhões de habitantes da região até 2025. Em vários Estados da área, com problemas de estiagem, os carros-pipa já voltaram a integrar a paisagem (veja reportagem nesta página).

O documento Atlas Nordeste - Abastecimento Urbano de Água, levou dois anos para ser concluído e listou 546 obras como perfuração de poços e construção de novas barragens, principalmente na Bahia e em Pernambuco. Em toda a região do semi-árido, apenas 26% dos municípios - a maioria em Minas - conseguirão chegar a 2025 com a situação de abastecimento de água para consumo humano considerada 'satisfatória', sem a necessidade dos investimentos recomendados pela ANA. Por outro lado, 53% dos municípios enfrentarão problemas sérios de abastecimento. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) calcula que 42% das crianças do semi-árido não têm acesso a água de boa qualidade em poços e fontes.

VALORES

O estudo revelou que Pernambuco deveria receber obras no valor de R$ 1,38 bilhão; Bahia, de R$ 733,6 milhões; Ceará, de R$ 441 milhões; Paraíba, de R$ 309 milhões; Rio Grande do Norte, de R$ 212,7 milhões; Alagoas, R$ 192 milhões; Maranhão, de R$ 147 milhões e Piauí, de R$ 107 milhões.

O estudo foi apresentado na 16ª Reunião do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, em Brasília. Segundo o superintendente de Implementação de Projetos da ANA, João Gilberto Lotufo Conejo, a luta agora é para tornar o estudo um programa de governo. 'Imaginamos um cenário em que estes recursos fossem aplicados em dez anos, por exemplo, na média de R$ 300 milhões por ano, o que não é nada absurdo', afirmou. A grande vantagem do projeto, segundo Conejo, é que ele tem caráter permanente e não somente em épocas de estiagem.

'Ao acessar o site da ANA (www.ana.gov.br), qualquer cidadão tem um diagnóstico do seu município. Assim, parlamentares da região podem fazer emendas ao Orçamento da União com a proposta', disse.

Estão previstos também recursos de financiamentos para saneamento via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), das companhias de saneamento estaduais, do Banco Interamericano de Desenvolvimento e do Banco Mundial.