Título: Petróleo muda estrelas do ranking
Autor: Tereza, Irany
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/12/2006, Economia, p. B3

A força com a qual o setor de petróleo está influenciando o mapa econômico do Brasil é evidente na pesquisa do IBGE sobre PIB municipal. No ranking das dez maiores economias municipais, quatro não são capitais de Estado. Destas, três abrigam pólos da indústria petrolífera. A quarta é Guarulhos, cidade industrial com produção de material eletroeletrônico, autopeças, edição e impressão.

Macaé, onde está a base da Petrobrás para o acompanhamento da exploração e produção na Bacia de Campos, teve uma ascensão vertiginosa na geração de riqueza: passou da 55ª posição em 1999 para a 8ª, em 2004. A vizinha Campos saiu de 27ª para a 6ª. Em 2004, o barril de petróleo subiu cerca de 25%, em reais, em relação ao ano anterior. Além disso, a produção cresceu em busca da auto-suficiência em petróleo.

O resultado para Macaé, a 182 quilômetros do Rio, é que hoje quase um quarto de sua população de 200 mil habitantes trabalha em atividades do setor. A cidade, que abriga a região responsável por cerca de 85% da produção nacional de petróleo, recebeu recentemente cinco hotéis de luxo, grandes investimentos na malha viária, sofre com crescimento desordenado e tem o segundo maior tráfego de helicópteros do Brasil, atrás apenas de São Paulo.

Mas é a pequena São Francisco do Conde, no recôncavo baiano, que melhor traduz a explosão do petróleo na economia nacional. Lá está o maior PIB per capita do País: R$ 315 mil por ano em 2004, para um PIB per capita nacional de R$ 9.729. 'Claro que estamos falando em tese da divisão da geração de riqueza. Não estamos falando, de fato, na apropriação de riqueza', ressaltou Sheila Zani.

São Francisco do Conde abriga a segunda maior refinaria de petróleo do País. Na lista dos maiores PIBs per capita vêm a seguir Triunfo (RS), sede de pólo petroquímico, Quissamã (RJ), também beneficiado pelos royalties do petróleo, Porto Real (RJ), onde está instalado um pólo automotivo; Paulínia (SP), com a maior refinaria de País; e Carapebus e Rio das Ostras (RJ), também na onda dos royalties do petróleo.

Os municípios localizados em regiões produtoras de petróleo crescem a um ritmo semelhante ao da Petrobrás, a maior empresa da América do Sul, que este ano deve ter lucro de R$ 27 bilhões, na avaliação de analistas de mercado.