Título: Anac quer aviões reserva contra apagão aéreo
Autor: Monteiro, Tânia e Sobral, Isabel
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/01/2007, Metrópole, p. C5

O presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, anunciou que vai assinar portaria determinando que as empresas aéreas criem planos de contingência para situações de atrasos de vôos. A Anac quer aviões de reserva em solo, para casos de falha técnica em aeronaves ou de overbooking (venda de passagens acima do número de assentos).

Zuanazzi anunciou ainda nova auditoria, desta vez só na TAM, sob o comando do secretário-geral da Anac, Henrique Gabriel, para verificar o que houve durante o período que antecedeu o Natal. Ele explicou que a investigação, já concluída e duramente criticada, fez apenas uma análise preliminar e, por isso, não aplicou multas. A falta de uma atitude mais dura contra a TAM no relatório final chegou a provocar um racha na diretoria da Anac.

A nova auditoria vai começar assim que a portaria para sua instauração for publicada no Diário Oficial. Embora o relatório coordenado por um dos diretores da Anac, Joseph Barat, não relate problemas de overbooking e utilização de aviões em charters pela TAM além da capacidade, Zuanazzi, em café da manhã com a imprensa, admitiu que estes foram dois fatores que contribuíram para o apagão aéreo do Natal. Mas fez questão de ressaltar que tudo será detidamente investigado nos próximos 30 dias.

Zuanazzi atribuiu os problemas ocorridos no setor, depois da queda do Boeing da Gol, em 29 de setembro, ao fato de os diversos segmentos que envolvem a aviação civil estarem trabalhando no limite. ¿Qualquer tipo de problema gera um efeito dominó que precisa de 24 ou 48 horas para que ser resolvido.¿

A exigência da Anac de aeronaves reserva tem o objetivo de evitar problemas no futuro. Ele reconhece que isso pode implicar aumento de custo nas passagens aéreas, mas adverte que a medida é essencial.

Na entrevista, o presidente da Anac defendeu ainda mudanças na legislação da aviação civil, ainda este ano, ressaltando que o código de aviação, de 1986, é ¿falho¿ e ¿desatualizado¿. Lembrou, por exemplo, que ele não trata de questões como ¿no show¿ (quando o passageiro não aparece para embarcar),overbooking ou erros de gestão que ocasionem em problemas na malha aérea. O código fala apenas em atrasos de vôo não é claro no caso de aplicação de multas e punições.

GUERRA DE TARIFAS

A retomada das operações da Varig e os aportes de recursos esperados para a BRA, agora com um sócio estrangeiro, devem provocar uma guerra de tarifas e acirrar a competição no setor em 2007. ¿As empresas deverão estar atentas a equação de preço e qualidade, já que há uma linha tênue entre os dois¿, avalia o consultor aeronáutico, Paulo Sampaio.

Para o analista da ABN Amro Real Corretora Pedro Galdi, a proposta de aviões reserva deve elevar o custo das companhias aéreas, mas em contrapartida, melhorar a qualidade dos serviços. ¿As companhias estão ampliando a frota, o que já aumenta as despesas¿. Uma avaliação sobre o impacto, em valores, para as empresas, ainda é difícil de ser medido, avaliam os especialistas.