Título: Novo conflito pode ter fins eleitorais
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/01/2007, Economia, p. B1
Quando tomou posse, em maio de 2003, o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, iniciou um intenso romance político e comercial com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Tudo indicava que Kirchner, que havia sido respaldado por Lula em plena campanha eleitoral contra seu rival, o ex-presidente Carlos Menem, não ressuscitaria os problemas comerciais surgidos a partir da recessão argentina de 1998, agravados com a desvalorização brasileira de 1999 e complicados mais ainda com a crise argentina de 2001.
Mas o idílio Kirchner-Lula durou pouco. O presidente argentino começou a se apresentar como o paladino das indústrias nacionais e desatou uma intensa campanha antibrasileira com o argumento de que a Argentina estava sendo 'depredada por uma avalanche' de produtos brasileiros.
Mas, desde meados de 2005, Kirchner trocou o Brasil pelo Uruguai como o bode expiatório da Argentina, e suavizou seu discurso com o maior sócio do Mercosul.
Ao longo deste último ano, os dois países resolveram a maior parte dos conflitos comerciais e até conseguiram definir a criação do Mecanismo de Adaptação Competitiva (MAC). O mecanismo tem a missão de impedir eventuais invasões de produtos brasileiros no mercado argentino e vice-versa.
No entanto, a resina Pet pode ser o pivô do fim da pausa que refrescou o clima entre os dois maiores sócios do Mercosul. Os analistas destacam que Kirchner poderia utilizar um potencial conflito comercial com o Brasil com fins eleitorais.
Em outubro serão realizadas as eleições presidenciais e o presidente Kirchner pode se candidatar à reeleição ou, segundo especula-se no âmbito político, até mesmo a primeira-dama e senadora, Cristina Fernández de Kirchner, pode sair candidata.
CÚPULA DO MERCOSUL O governo argentino confirmou que Kirchner estará presente na Cúpula do Mercosul no Rio. Kirchner vai propor que o bloco realize reformas para melhorar seu funcionamento.