Título: Aliado de Aécio é contra rediscutir apoio a Chinaglia
Autor: Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/01/2007, Nacional, p. A6

O deputado licenciado Custódio Mattos (PSDB-MG), aliado do governador Aécio Neves que hoje ocupa a Secretaria de Desenvolvimento Social de Minas Gerais, disse ser contra rever a decisão anunciada pelo líder da bancada tucana, Jutahy Júnior (BA), de apoiar o petista Arlindo Chinaglia na eleição para presidente da Câmara.

É um sinal de que a oposição pública do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao acordo não reverterá facilmente a decisão do partido. Os governadores Aécio Neves e José Serra foram os patrocinadores do acerto com Chinaglia, em troca de postos para aliados na Câmara e de apoios nas Assembléias Legislativas - inclusive na Bahia, de Jutahy, onde o partido tem apenas dois deputados e deve ficar com a presidência.

O racha dentro do PSDB começou na própria quinta-feira, quando Jutahy se encontrou com Chinaglia e anunciou o apoio tucano, dizendo ter consultado a bancada antes de fazê-lo. Mas foi na sexta que a divisão se aprofundou, com uma nota divulgada por Fernando Henrique tachando o acerto de 'precipitado' e defendendo que o partido recue da decisão. O senador Tasso Jereissati (CE), presidente tucano, e o deputado Antonio Carlos Pannunzio (SP), futuro líder da bancada, também defenderam publicamente que o partido volte a ser consultado.

Custódio Mattos, que se reelegeu e assumirá o mandato na votação do presidente da Câmara, disse discordar de FHC. Para ele, a decisão anunciada por Jutahy levou em conta, sobretudo, a proporcionalidade dos partidos na Casa. 'Se não respeitamos a proporcionalidade, não teremos vida parlamentar, não teremos ninguém na Mesa nem nas comissões', afirmou.

Custódio nega a existência de interesses estaduais no acordo. No caso específico de Minas, diz que o governador Aécio, 'com 90% de apoio na Assembléia', em hipótese alguma precisaria relacionar a governabilidade no Estado à posição do partido na disputa da Câmara.

Ontem, Tasso Jereissati ainda se mostrava disposto a convocar a Executiva do partido para rediscutir o apoio. 'A decisão anunciada de apoio à candidatura de Chinaglia não reflete o sentimento geral do partido', argumenta. A reunião deve ocorrer na semana que começa.

No PFL, a nota do ex-presidente teve apoio amplo. 'Mais uma vez, Fernando Henrique coloca uma questão grave da política em termos claros e absolutamente certos', disse o senador Antonio Carlos Magalhães (BA). Para o deputado José Carlos Aleluia (BA), a eleição na Assembléia baiana foi incorretamente posta à frente da questão nacional. Ele considerou a crítica de FHC oportuna, porque 'lembrou que o País não pode viver sem oposição'.