Título: Para Aldo, acerto afeta reforma
Autor: Domingos, João e Marchi, Carlos
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/01/2007, Nacional, p. A4

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), disse ontem que o apoio do PSDB ao deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), com quem disputa a sucessão na Casa, acaba com a credibilidade da reforma política que os parlamentares querem realizar este ano. Ele alega que será impossível transmitir à população a seriedade da proposta quando dois partidos políticos, até então antagônicos, se juntam na empreitada de eleger o presidente da Câmara em troca de acordos estaduais. Aldo também considera injustificável o fato de o PSDB dar mais poder ao PT, a ponto de comprometer o equilíbrio das forças políticas.

¿Como é que vamos iniciar a próxima legislatura discutindo a reforma política se os acordos que são realizados não guardam nem relação com a distribuição do poder na Câmara e se subordinam a acordos nas Assembléias Legislativas?¿, argumentou, sem citar a que Estados se referia. Parlamentares próximos a ele, porém, asseguram que o acerto encabeçado pelo líder tucano na Câmara, Jutahy Júnior (BA), com o candidato petista teria dois alvos: assegurar a eleição de um tucano para a presidência da Assembléia paulista e abrir espaço para o próprio Jutahy na Bahia, onde já teria indicado um aliado para comandar o Legislativo estadual.

Aldo disse ter questionado esses pontos com os tucanos com quem conversou - entre eles, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-ministro Paulo Renato Souza. ¿É uma posição que não guarda coerência com a trajetória do partido nos últimos quatro anos, a não ser que toda a oposição que o PSDB fez ao PT tenha sido arquivada em função de acordos políticos regionais¿, criticou. ¿E, em função desses acordos, o PSDB resolve dar ainda mais poder àquele partido que ele julgava seu adversário.¿

O presidente da Câmara afirmou que não pedirá a interferência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para favorecê-lo na disputa e anunciou que na próxima semana divulgará uma carta com os compromissos que assumirá, caso seja reeleito. Ele disse achar ¿legítimo¿ o PT tentar ampliar sua faixa de poder, mas ironizou a ofensiva contra sua reeleição, lembrando que o partido fez o mesmo no primeiro governo Lula, quando se mobilizou para retirá-lo do cargo de ministro da Coordenação Política.