Título: 'Há espaço para novos cortes de juros'
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/01/2007, Economia, p. B3

O economista-chefe do WestLB, Roberto Padovani, prevê que a inflação vai subir para 4,1% este ano, com pressão dos serviços. Qual o efeito da inflação de 3,14% em 2006 medida pelo IPCA sobre a trajetória da taxa de juro básica, a Selic, que hoje está em 13,25% ao ano?

Esse resultado de 2006 abre espaço para mais cortes da taxa de juros. Mantenho minha aposta de queda de 0,50 ponto percentual da taxa Selic na reunião do Comitê de Política Monetária do dia 24. Os cortes seguintes devem ser de 0,25 ponto porcentual, com um pausa no segundo semestre. Estimo que a taxa Selic encerrará o ano em 11,50%.

Qual a expectativa para a inflação de 2007?

A boa inflação de 2006 contamina positivamente o cenário de 2007. Espero um IPCA de 4,1% para este ano.

O mercado prevê inflação mais alta em janeiro...

Também espero que a inflação venha mais salgada em janeiro por conta do impacto das chuvas - revisamos as projeções para o IPCA de janeiro de 0,35% para 0,54%. Mas esse impacto tem sido sentido em todos os índices, com inflação acima do esperado pelos analistas neste início de ano.

Que setores tendem a pressionar os preços?

Ao longo do ano, acredito que a maior pressão venha a ser de serviços, refletindo aumento do salário mínimo e um mercado mais aquecido. O risco de os serviços se transformarem em pressão em 2007 não implica riscos para a inflação.

Que participação deverão ter na inflação os preços administrados?

O peso desses preços na inflação deve diminuir. Eles devem perder importância ao longo deste ano

Sua projeção para o PIB?

É de 3,4% para este ano.