Título: BB descarta nova renegociação de dívidas agrícolas
Autor: Inácio, Alexandre e Magossi, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/01/2007, Economia, p. B6

O Banco do Brasil (BB) não vai renovar as dívidas dos produtores rurais referentes às parcelas de investimentos vencidas em 2005 e 2006 e prorrogadas para 2007. Segundo o vice-presidente de Agronegócios do banco, Derci Alcântara, há estudos que comprovam a capacidade dos agricultores de quitar os débitos.

Para o executivo, a queda dos custos de produção, a tendência dos preços de comercialização da safra e o nível de endividamento do setor compõem um cenário em que haverá renda para o pagamento das dívidas. ¿Significa que nós não trabalhamos com a hipótese de nova prorrogação, ao menos generalizada, para os financiamentos que vencem em 2007¿, afirmou Alcântara.

Ainda assim, o banco não descarta a possibilidade de analisar casos isolados de produtores endividados. Esse grupo, no entanto, representa só 5% dos contratos que vencem este ano.

¿Podemos afirmar que, neste momento, dado esse conjunto de fatores, apenas algumas regiões mais remotas de Mato Grosso não teriam capacidade de pagar integralmente a parcela de 2007. Um número reduzido de contratos estaria sujeito a análise de prorrogação e isso seria feito caso a caso.¿

O clima é um dos fatores que mais tem ajudado o agronegócio. As chuvas favoreceram o plantio e o desenvolvimento das lavouras, o que deve elevar a produtividade média da safra 2006/07 de grãos.

Segundo Alcântara, outro motivo para que não haja renegociação é o grau de endividamento dos produtores. As parcelas prorrogadas referentes ao custeio, que vencem este ano, representam só 20% da dívida, uma vez que o prazo de pagamento é de cinco anos.

As parcelas referentes aos investimentos foram alongadas para depois do último mês de vencimento do contrato. ¿O endividamento não está muito concentrado em 2007. Foge apenas dessa regra o endividamento do produtor diretamente com as tradings e fornecedoras de insumos. Obviamente, que quem não conseguiu refinanciar por cinco anos com a linha do FAT ou não for entrar nesse programa que estamos idealizando agora terão, sim, concentração maior em 2007¿, explicou ele.

No caso da renegociação com as empresas de insumos, o banco participará apenas como prestador de serviço, buscando investidores com interesse em correr o risco dos produtores na formação de um fundo de cerca de R$ 2,2 bilhões.

Alcântara justificou a não participação do banco pelo seu alto grau de participação nas liberações do crédito rural. ¿Na safra 2005/06, só o Banco do Brasil prorrogou R$ 2,85 bilhões. Na safra 2006/07, foram R$ 5,8 bilhões. O banco detém 56% de todo o crédito rural do País e decidimos não participar de mais risco do setor¿, disse.

Ele ressaltou o trabalho do banco para reduzir o risco dos produtores. Em 2007, já entra em vigor um acordo com a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) que vincula os empréstimos concedidos pelo banco à realização de hedge (proteção). Segundo o executivo, até 2006, o BB fez 20 mil contratos de mercado futuro.