Título: Presidente desiste de ter só um candidato
Autor: Paraguassú, Lisandra e Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/01/2007, Nacional, p. A5

O Palácio do Planalto desistiu de tentar unir os deputados federais governistas em torno de uma só candidatura para a presidência da Câmara e fazer com que um dos candidatos - Aldo Rebelo (PC do B-SP) ou Arlindo Chinaglia (PT-SP) - desista de concorrer. Em rápida entrevista ontem, depois de um encontro com prefeitos, o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que gostaria de ver um só postulante, mas que confronto 'faz parte da história democrática do Congresso'.

'Acho que ninguém pode ficar abalado com a disputa. Vai ter uma disputa e vai ter um resultado. E todos nós estaremos subordinados ao resultado', afirmou. 'O Poder Legislativo é autônomo. Vocês sabem da relação que eu tenho com o Aldo, com o Arlindo. Eu trato os dois como filhos. Eu nunca vou ser a favor de um filho, vou sempre tentar uma conciliação.'

Lula manifestou ainda a esperança de que a corrida pelo posto na Câmara não crie dificuldades para a montagem de sua base. 'Eu acho que o Congresso tem consciência do papel que joga na política nacional. Por mais que tenha tido divergência, o Congresso sempre aprovou as coisas que são importantes para o País e acho que vai continuar aprovando.'

Aldo, atual presidente da Câmara, e Chinaglia, líder do governo, disseram estar lisonjeados com o fato de o presidente os considerar como filhos. O candidato do PC do B afirmou sentir-se rejuvenescido com a afirmação. 'Tenho a gratidão por me sentir mais jovem.' Segundo ele, quando há uma disputa no Legislativo, a expectativa é sempre a de que o chefe do Executivo seja prudente.

Chinaglia declarou-se honrado. Segundo ele, a frase de Lula mostra respeito à independência entre os Poderes. Disse estar tranqüilo, pois sua candidatura já passou por uma fase em que o noticiário dizia que a preferência era por outro. 'O presidente Lula é um democrata e sabe a exata dimensão de seu papel.'