Título: PSB e PC do B articulam bloco pela 4ª secretaria
Autor: Scinocca, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/01/2007, Nacional, p. A6

Além de contabilizar as baixas provocadas pelo lançamento da candidatura de Gustavo Fruet (PSDB-PR) à presidência da Câmara, os apoiadores de Arlindo Chinaglia (PT-SP) se viram ontem às voltas com outro problema: a articulação de dois aliados históricos do governo - o PSB e o PC do B - para a formação de um bloco parlamentar que promete mexer com a sucessão da Mesa Diretora da Câmara.

Irritados com o que chamaram de ¿visão hegemonista¿ e ¿doença infantil do PT¿, que decidiu lançar Chinaglia na disputa contra o até então candidato único da base governista, Aldo Rebelo (PC do B-SP), líderes do PSB e do PC do B já costuram com PDT e PV um bloco para pleitear cargos na direção da Câmara.

A criação do bloco poderá anular, por exemplo, o acordo entre PT e PL que permitiu o apoio dos liberais à candidatura de Chinaglia em troca da quarta secretaria, conforme revelou o deputado Inocêncio Oliveira (PL-PE).

PSB e PC do B têm juntos 40 deputados, o que já é suficiente, pelo critério da proporcionalidade, para reivindicar a quarta secretaria da Câmara. ¿Vamos trabalhar com empenho para o crescimento do bloco e a conquista de outros partidos, como o PDT e o PV¿, confirmou ontem o presidente nacional do PC do B, Renato Rabelo. Dirigentes do PSB também destacaram o empenho dos aliados em brigar pelo que é deles por direto, se o critério da proporcionalidade for mantido.

Segundo um integrante do PSB, se Aldo vencer a disputa o bloco não brigará por mais cargos. Mas, se o resultado da eleição para a presidência da Câmara for desfavorável ao comunista, vão lutar para assegurar a quarta secretaria. Os dirigentes do PSB e do PC do B, porém, ainda não fecharam questão em torno de um nome que possa vir a ser indicado para concorrer ao cargo.

O regimento da Câmara estabelece que a escolha das sete vagas de titular e as quatro suplências é feita pelos partidos de acordo com o tamanho das bancadas. O PT, segundo maior partido, poderia fazer a segunda e a sétima escolha. Com a formação do bloco, no entanto, lhe restaria a oitava escolha, ou seja, uma suplência para negociar com o PL.

DEDOS E PEDRAS

¿Isso não é uma reação a Chinaglia. O bloco favorece os dois partidos, que poderão ter um membro efetivo da Mesa e a presidência de duas comissões temáticas permanentes¿, afirmou o deputado e senador eleito Renato Casagrande (PSB-ES). ¿Além disso, é também uma demonstração de que, na política, quando se mexe de um lado, mexe-se do outro. Não somos apenas pedras, mas também dedos que movem as pedras.¿

O presidente do PC do B afirmou que a formação de um bloco já era o objetivo dos dois partidos havia mais tempo. ¿É uma forma de termos participação em comissão e presença maior na Mesa da Câmara¿, afirmou Rabelo. Para ter efeito na distribuição dos cargos da Mesa e das presidências de comissões permanentes, os blocos terão de ser formalizados até o dia 31.

FRASE

Renato Rabelo Presidente do PC do B

¿É a forma de termos presença maior na Mesa. Vamos trabalhar para o crescimento do bloco¿

Renato Casagrande Deputado do PSB

¿Não é reação a Chinaglia. É uma demonstração de que, na política, quando se mexe de um lado, mexe-se do outro. Não somos apenas pedras, mas também dedos que movem as pedras¿