Título: Correa promete redistribuir 'terras ociosas'
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/01/2007, Internacional, p. A11
O recém-empossado presidente do Equador, Rafael Correa, anunciou ontem que vai redistribuir ¿terras ociosas e mal cultivadas¿ no país, mas o ministro da Agricultura, Carlos Vallejo, descartou a possibilidade de expropriações em grande escala. Correa - aliado e amigo pessoal do presidente venezuelano, Hugo Chávez - assumiu a presidência equatoriana na segunda-feira prometendo uma ¿revolução radical¿, que inclui a redação de uma nova Constituição, a renegociação da dívida externa, a revisão dos contratos com as empresas petrolíferas estrangeiras e a adoção de um modelo econômico ¿que se ajuste ao socialismo do século 21¿.
¿Onde houver terras abandonadas, ociosas, mal cultivadas, nas quais não se esteja trabalhando bem, estas serão objeto de transformação e redistribuição¿, disse Vallejo, acrescentando que as propriedades que se enquadram neste perfil no país são ¿pouquíssimas¿. O ministro lembrou que o Equador realizou uma ampla reforma agrária em 1964, que praticamente acabou com os latifúndios no país e forçou os maiores produtores agrícolas a criar uma agroindústria eficiente. ¿Os agricultores devem tranqüilizar-se, pois seus direitos estão e estarão estabelecidos pelo Estado, pela lei e pela Constituição do Equador.¿
Também ontem, Correa defendeu uma série de acordos bilaterais firmados na segunda-feira com a Venezuela que, segundo ele, permitirão ao Equador uma economia de US$ 20 milhões anuais nas operações de refino de petróleo. Pelo acordo, Correa enviará petróleo bruto à Venezuela, que revenderá derivados do produto ao Equador a preços preferenciais. O acordo também prevê a assistência técnica venezuelana para ajudar a estatal Petroecuador a aumentar sua capacidade de refino.
O ministro equatoriano da Economia, Ricardo Patiño, afirmou ontem que o governo ainda não definiu qual o montante de recursos que destinará para o pagamento da dívida externa - de mais de US$ 10 bilhões, 25% do PIB do país - neste ano.
Correa, que ontem se reuniu no palácio com líderes do grupo de direitos humanos argentino Mães da Praça de Maio, confirmou que estará amanhã no Brasil para a reunião de cúpula do Mercosul.