Título: Aldo, Chinaglia e Fruet farão debate na TV Câmara
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/01/2007, Nacional, p. A8

Os três candidatos à presidência da Câmara dos Deputados vão se enfrentar em debate na TV, inaugurando uma nova forma de disputa na Casa. Aldo Rebelo (PC do B-SP), Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Gustavo Fruet (PSDB-PR) já confirmaram participação no encontro, que será transmitido pela TV Câmara. Ao anunciar o debate, Aldo, atual presidente da Casa, afirmou que essa será uma maneira de os concorrentes discutirem as idéias e as propostas para os dois anos de mandato à frente da instituição.

A data ainda não está definida, mas o embate deve ocorrer já na próxima semana. As regras e o formato do debate também não estão detalhados, o que deve ser feito pelos candidatos e por seus assessores.

Com aparente vantagem na disputa, Chinaglia corre o risco de ser o mais prejudicado no debate. Sua candidatura é a que remete ao escândalo do mensalão, a começar por ser ele do PT, o que deve colocá-lo na mira de pedidos de explicação sobre o caso. Seu favoritismo, porém, é ameaçado pela recente candidatura de Fruet, que acarretou uma debandada de tucanos que antes apoiavam o petista.

¿O debate é importante como forma de mostrar as contradições da Casa e os caminhos que podem ser adotados¿, adiantou Fruet. Chinaglia, por sua vez, declarou não temer cair em eventuais ¿armadilhas¿ de seus adversários.

O candidato tucano defendeu também a participação da população nas discussões sobre a escolha do presidente da Casa. Ele disse que os eleitores deveriam enviar mensagens a seus deputados para eles se posicionarem a favor de uma pauta positiva para a Câmara.

Fruet adotou uma campanha que, além de buscar os votos dos parlamentares, pretende atingir a opinião pública. Até mesmo a idéia de realizar o debate só surgiu depois que o grupo da terceira via o lançou.

O tucano propôs ampliar a discussão para além dos limites do Congresso e discutir temas que dizem respeito ao País. Entre as ações que pretende tomar nessa linha estão encontros com representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). ¿A Câmara não pode falar só para seu umbigo.¿

CRÍTICA

De Fruet, que foi atuante na CPI dos Correios e integrou o Conselho de Ética, é esperada a campanha mais crítica entre seus adversários, até por ser o representante da oposição e, dessa forma, ser visto como o nome independente do Planalto. Ontem, ele condenou a maneira como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva trata a sucessão na Câmara.

Anteontem, Lula justificou o fato de não ter tomado partido de algum dos candidatos de sua base governista na disputa pela presidência da Casa dizendo que Aldo e Chinaglia são como seus filhos. No ano passado, no entanto, quando começaram as articulações para escolher o sucessor na Câmara, o presidente era a favor da reeleição de Aldo. A situação mudou após a entrada de um petista na corrida.

¿A relação com o Congresso não pode ser familiar, mas de respeito¿, acusou o tucano. Fruet também criticou o fato de Lula estar esperando a eleição dos presidentes das duas Casas do Congresso para fazer a reforma ministerial.

¿Isso é uma distorção. Passa a impressão de que é para premiar aliados fiéis ou compensar aliados derrotados. Essa vinculação é um sinal muito negativo¿, afirmou o candidato do PSDB. ¿A conseqüência disso é a falta de autonomia e de independência do Legislativo, que é tratado como se fosse um órgão do Executivo¿, completou Fruet.