Título: EUA retomam projetos espaciais
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Fonte: O Estado de São Paulo, 22/01/2007, Internacional, p. A8
Os defensores americanos da ¿guerra nas estrelas¿, frustrados porque seus planos de armar os céus não chegaram a lugar nenhum durante décadas, apesar de investimentos de mais de US$ 100 bilhões em pesquisas, ficaram mais esperançosos na semana passada, com a notícia de que a China realizara o primeiro teste bem-sucedido de um míssil anti-satélite.
Eles agora expressam otimismo sobre seus projetos, que vão de novos tipos de satélites de defesa a flotilhas de armas espaciais e estações orbitais de batalha capazes de destruir toda espécie de arma inimiga.
A administração de George W. Bush tem realizado pesquisas secretas para a instalação de poderosas bases de raios laser capazes de destruir satélites inimigos, principalmente na base aérea de Kirtland, no Novo México. Parte de um projeto tornado público no ano passado por documentos apresentados pela Força Aérea à Comissão de Orçamento do Congresso deixou clara a intenção do governo de desenvolver armas espaciais tanto defensivas quanto ofensivas.
Num relatório publicado recentemente, um grupo de 26 apoiadores da guerra nas estrelas advertiu que a China ¿começa a corroer o domínio espacial dos EUA¿ e vai acelerar o processo com ¿lasers e mísseis capazes de destruir satélites¿.
H. Baker Spring, da Heritage Foundation, centro conservador de pesquisa de Washington, disse em entrevista que o custo de novas armas e medidas defensivas provavelmente chegará a ¿bilhões ou dezenas de bilhões de dólares por ano. E não acho que seja ex cessivo.¿
A perspectiva de uma corrida armamentista espacial também galvaniza a oposição, incluindo defensores do controle de armas e conservadores fiscais alarmados com os custos da guerra no Iraque. Um de seus argumentos é que, numa corrida sem controle, os EUA teriam mais a perder. O país possui ou opera 443 dos 845 satélites ativos na órbita do planeta, ou 53%. A China tem 4%. ¿Não só temos a maioria dos satélites, como eles são mais integrados a nossa economia e nossos planos militares¿, disse Laura Grego, da União dos Cientistas Preocupados.
Essa lógica não convence os defensores do armamento espacial, para quem os EUA precisam proteger seu enorme investimento em satélites mantendo-se à frente de qualquer outro país. Uma análise da Heritage Foundation diz que a China busca fabricar armas espaciais e, no campo diplomático, ¿impedir que os EUA desenvolvam suas próprias armas anti-satélite e sistemas espaciais antimísseis balísticos¿.
Mas Teresa Hitchens, crítica das armas espaciais que dirige o Centro de Informações de Defesa, outro grupo de Washington, disse que o objetivo do teste da China poderia ser apenas o de forçar o governo Bush a negociar o controle de armas. Ela advertiu que outros países, como a Índia, poderiam entrar na nova corrida armamentista.