Título: Queda nos juros facilita a concessão de empréstimos
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/01/2007, Economia, p. B5

A queda da taxa de juros, a melhora da avaliação de crédito pelos bancos e os instrumentos como a garantia de recebíveis estão por trás do aumento do crédito para pequenas e médias empresas. A Selic, a taxa básica de juros, caiu de 19,75%, em maio de 2005, para 13,25%. E o juro real do `swap¿, as operações de 360 dias entre grandes bancos e empresas - e principal parâmetro privado dos juros - já está em 8% ao ano. Esta queda foi recente, já que a taxa real do swap permaneceu entre 10% e 11% na maior parte do primeiro mandato de Lula.

Para as pequenas e médias empresas, também está havendo um barateamento do crédito. Antonio Carlos Simões Correa, sócio da Abfa BMS, empresa carioca de serviços gráficos, recorda-se de como chegou a pagar taxas mensais de 5,5% ao mês há cerca de três a quatro anos. Hoje, ele desconta duplicatas a 1,80% ao mês, ainda muito alta em termos internacionais, mas bem mais palatável. ¿Houve uma abertura do crédito muito grande, e hoje tem linha à beça¿, diz Correa.

Segundo Rodrigo Camarez, diretor de recebíveis do HSBC, as taxas de juros para pequenas e médias empresas caíram entre 15% e 20% nos últimos 12 a 18 meses.

Os executivos da área de crédito dos bancos também chamam a atenção para a maior sofisticação do mercado. ¿A estabilização ajuda a aumentar a confiança, mas os próprios bancos estão mais capacitados a operar com esse segmento, com o foco em garantias, modelos estatísticos e uma série de ferramentas que permitem entender a qualidade do crédito e criar ofertas sob medida, mais baratas¿, diz Marcos Silva Massukado, diretor de produtos para micro e pequenas empresa do Unibanco.

Camarez, do HSBC, menciona a introdução de um sistema capaz de analisar cheques, duplicatas e recebíveis de cartões de crédito em grandes volumes como um dos fatores que levaram ao forte crescimento de 50% da carteira de crédito com garantia em recebíveis em 2006. ¿A previsão para 2007 é de crescer outros 20%, e atingir R$ 4,5 bilhões¿, ele diz.