Título: Temas `tabus¿ devem ser evitados pelos candidatos
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/01/2007, Nacional, p. A4

Em nome do corporativismo, temas espinhosos foram evitados e devem ficar de fora do debate, ainda não confirmado, entre os candidatos à presidência da Câmara. São assuntos considerados proibidos pois esbarram em privilégios e focos de corrupção enraizados no Congresso.

Entre os temas tabus, e que já foram alvo de críticas no passado, está, por exemplo, a composição de comissões permanentes e especiais - como as CPIs - formadas, em geral, por parlamentares com ligações aos setores investigados e viagens ao exterior por motivos, no mínimo, sem importância.

A CPI dos Combustíveis foi um exemplo típico. A comissão era formada por vários congressistas que tinham postos de gasolina.

Oficialmente, nenhum dos três candidatos à presidência da Câmara - o atual presidente, Aldo Rebelo (PC do B-SP), Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Gustavo Fruet (PSDB-PR) - admite a existência de temas vetados na campanha. Ao contrário, Chinaglia, na carta que encaminhou ontem a todos os deputados e na qual pede votos, ressalta ¿não haver temas proibidos¿ e menciona que o polêmico reajuste dos salários dos deputados será tratado com transparência. A decisão final, escreve, será do plenário.

Chico Alencar (RJ), líder do PSOL - partido que ainda não definiu seu candidato -, observa que a melhor candidatura é a que tiver a coragem de enfrentar ¿o corporativismo na busca de votos na corporação¿.

¿As grandes questões políticas têm de ser colocadas acima da pequena politicagem¿, resume o deputado. Alencar acredita que o debate entre Fruet, Aldo e Chinaglia pode ser uma oportunidade de, não apenas os deputados, mas toda a sociedade conhecerem mais profundamente as propostas de cada um.

Nos bastidores, aliados das três candidaturas admitem que medidas enraizadas dificilmente serão mudadas e temas polêmicos devem passar longe dos que almejam o comando do Legislativo.

Ajustes pontuais podem até ser feitos, lembram deputados, citando, por exemplo, que Aldo alterou pontos importantes na reforma administrativa que realizou. Uma das medidas de Aldo foi a redução nas diárias de viagem ao exterior, o que já teria gerado economia de R$ 500 mil apenas no ano passado, segundo a assessoria de imprensa do deputado.

Em um momento em que a credibilidade do Congresso está arranhada, entidades como a Transparência Brasil salientam que a disputa pela Câmara não é de interesse exclusivo dos parlamentares, mas de toda a sociedade.

Para o diretor executivo da organização, Claudio Weber Abramo, a eleição da Mesa Diretora da Câmara e, em particular, de sua presidência, oferece oportunidade importante para começar a recuperar a integridade dessa instituição, ¿gravemente ferida na legislatura que se encerra¿.

¿Os candidatos que se apresentam não falam apenas a seus pares, mas a todo o País¿, salienta. Por essa razão, a entidade elencou uma série de temas que são ¿essenciais¿ no debate entre Fruet, Aldo e Chinaglia.

Entre os pontos fundamentais para a entidade está o compromisso de que não haverá tentativa de aumentar os salários dos parlamentares além da inflação e a redução das verbas de gabinete e das verbas indenizatórias.