Título: Servidores mantêm greve e ocupação de prédio em AL
Autor: Rodrigues, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/01/2007, Nacional, p. A6
Os servidores públicos de Alagoas decidiram ontem manter por tempo indeterminado sua greve, que entra no quinto dia, e a ocupação do prédio da Secretaria da Fazenda (Sefaz) - dez andares estão tomados desde quinta-feira. Os líderes dos funcionários de educação e saúde e dos policiais civis, as principais categorias paradas, disseram que só vão retornar ao trabalho e desocupar o prédio depois que o governador Teotônio Vilela Filho (PSDB)revogar o Decreto 3.555/2007, que suspendeu reajustes dados em 2006.
Na terça-feira, a Polícia Civil começou a greve. No dia seguinte, pararam a educação e boa parte dos serviços de saúde. Anteontem os médicos aderiram.
'A proposta do governador divide as categorias, mas a greve continua e vamos continuar insistindo na unidade do movimento', afirmou a professora Lenilda Lima, vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação. Segundo ela, até o início da tarde, o Estado não tinha apresentado a proposta por escrito aos servidores.
Até segunda-feira, quando os servidores se reunirão em assembléias, por categoria, os serviços públicos de saúde, educação e segurança pública permanecerão deficitários. As delegacias estão parcialmente fechadas e só registram prisões em flagrante. No principal pronto-socorro do Estado, apenas os 30% dos serviços essenciais estão sendo mantidos.
'A situação da saúde, que normalmente já é caótica, com a greve dos médicos ficou pior', declarou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Saúde, Francisco Lima. Os servidores do Instituto Médico Legal (IML) também estão parados. Desde quinta-feira, o recolhimento dos corpos é feito por empresas funerárias (contratadas por familiares das vítimas) e pelo Corpo de Bombeiros. Os policiais militares, também atingidos pelos cortes, esperam uma contraproposta até segunda-feira.
PROPOSTA
Em entrevista coletiva, o governador fez uma proposta aos servidores: tudo que foi retirado de todas as categorias será devolvido em oito dias; e, em 30 dias, pagará os 80% da isonomia dos professores. Teotônio disse que recorrerá à antecipação de receita para cumprir o acordo.
O governador fez um apelo para que os servidores aceitassem a proposta, voltassem ao trabalho e desocupassem o prédio da Sefaz. Questionado sobre por que teria deixado os professores de fora, explicou que a categoria é muito numerosa e o pagamento dos 80% da isonomia salarial comprometeria a folha em R$ 12 milhões.
Teotônio, no entanto, disse que manterá o decreto, porque foi o instrumento jurídico encontrado para permitir que o governo pudesse cortar salários ou aumentá-los de acordo com a arrecadação do Estado e com a Lei de Responsabilidade Fiscal. Ele afirmou que a medida foi tomada diante da situação em que recebeu o Estado, com um débito de R$ 400 milhões, incluindo a folha salarial de dezembro, que seria de R$ 122 milhões - já embutido o aumento de 2006 e os 80% da isonomia dos professores. Com o decreto, esse valor caiu para R$ 103 milhões. 'A medida foi absolutamente necessária. Doeu tanto em mim quanto em qualquer outra pessoa.'