Título: Governo quer usar Fórum Social como vitrine
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/01/2007, Nacional, p. A12
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci, embarca hoje para Nairóbi, no Quênia, para comandar a delegação brasileira no 7º Fórum Social Mundial, que será aberto também neste sábado. Mais uma vez sem a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sem o encanto de edições anteriores, o Brasil vai ao evento disposto a mostrar os resultados dos programas sociais que o governo considera bem-sucedidos. Segundo Dulci, a delegação brasileira foi convidada para discorrer sobre Fome Zero, Bolsa-Família, Luz para Todos, Biodiesel, ProUni (Universidade para Todos), ProJovem (Programa Nacional de Inclusão de Jovens), Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), políticas de preservação ambiental e política solidária.
Figura de proa nas primeiras edições do fórum, Lula foi se afastando do evento depois de chegar à Presidência. Recém-empossado no primeiro mandato, ele foi saudado no Fórum de Porto Alegre ao defender a 'globalização solidária' e pregar a paz. Já no segundo ano de governo, até viajou para a Índia, mas para participar das comemorações da independência do país em Nova Délhi, quatro dias depois do encerramento do Fórum Social Mundial em Mumbai. Na oportunidade o assessor de Relações Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, já fazia reparos ao evento e cobrava um caráter mais propositivo nas críticas à globalização.
Em 2005, com o fórum de volta a Porto Alegre, Lula resolveu testar sua popularidade perante os companheiros da esquerda. Deu-se mal e, pela primeira vez desde a estréia do Fórum Social Mundial, em 2001, foi vaiado por militantes do PSTU e do PSOL e do MST ao falar de improviso para uma platéia de cerca de 12 mil pessoas no Ginásio Gigantinho. No ano passado, preferiu não ir a Caracas, onde Hugo Chávez reinou absoluto.
POLÍTICAS PÚBLICAS
Durante o encontro em Nairóbi, segundo Dulci, os brasileiros vão enfatizar a participação dos movimentos sociais na elaboração de políticas públicas, a agricultura familiar, a reforma agrária, a defesa do meio ambiente, a afirmação dos direitos das mulheres, a luta pela igualdade racial e a promoção da dignidade dos povos indígenas.
O Fórum Social Mundial é um espaço de debate de idéias, formulação de propostas, troca de experiências e articulação de movimentos sociais, sindicais, ONGs e outras organizações da sociedade civil. Neste ano, os principais temas são: livre comércio, dívida, trabalho, guerra e paz, migração e diáspora, juventude, meio ambiente, segurança alimentar, acesso a bens e serviços, gênero e saúde.
Para defender a relevância da participação brasileira no evento, Dulci ressaltou o fato de que o Brasil, em todas as edições do Fórum Social Mundial, mostrou suas experiências na área social e procurou conhecer as dos outros países.
'Nós levamos nosso conhecimento, sobretudo da participação dos movimentos sociais na elaboração de políticas públicas, da agricultura familiar, da reforma agrária, da defesa do meio ambiente, da afirmação dos direitos das mulheres, da luta pela igualdade racial, da promoção da dignidade dos povos indígenas, ou seja, das experiências de democratização econômica e social que o governo brasileiro tem promovido', disse o ministro.