Título: Eleição de Alagoas coloca urna eletrônica sob suspeita
Autor: Gallucci, Mariângela
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/01/2007, Nacional, p. A13

Uma nova polêmica sobre o uso de urnas eletrônicas em eleições brasileiras surgiu em Alagoas. O candidato derrotado ao governo João Lyra (PTB) levantou suspeitas sobre o resultado da eleição no Estado com base em um laudo encomendado ao Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), que indicou problemas no sistema de votação que poderiam levar a fraudes. Ainda de acordo com a auditoria, os programas de muitas urnas operaram de forma indevida ou inesperada.

Apesar de ter sido apontado durante a campanha como o favorito nas pesquisas de intenção de voto, Lyra perdeu a eleição para o tucano Teotônio Vilela Filho, que venceu já no primeiro turno, obtendo 733.405 votos - 55,85% dos válidos.

O candidato do PTB terminou a disputa com o voto de 400.687 eleitores (30,51%), tendo perdido inclusive em locais que são seus redutos eleitorais.

Uma representação tramita na Justiça questionando a eleição. A auditoria realizada pelo ITA identificou que parte das urnas eletrônicas utilizadas apresentava arquivos de controle, conhecidos como log, corrompidos e concluía que, dessa forma, ficava sob suspeita o resultado da votação e a apuração nessas urnas. Entre os problemas detectados pelos auditores do instituto estão a totalização de votos oriundos de urnas que não existiam e a existência de urnas sem nenhum voto.

'DESVIRTUAMENTO'

Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Marco Aurélio Mello anunciou na última sexta-feira que o órgão deverá contratar em breve a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para que elabore um estudo com o objetivo de comprovar a segurança do sistema de votação eletrônico brasileiro.

'O sistema não está em jogo como um grande todo. É claro que onde o homem coloca a mão há possibilidade de desvirtuamento. Mas até aqui temos um sistema que vem sendo observado há dez anos sem uma impugnação séria', disse Marco Aurélio. O TSE sustenta que, apesar dos problemas que foram encontrados nas urnas usadas em Alagoas, o resultado da eleição não foi fraudado.

Um dos maiores opositores ao uso de urnas eletrônicas em eleições brasileiras foi o ex-governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola, do PDT, morto em junho de 2004. De acordo com ele, uma eleição poderia ser manipulada por meio do sistema eletrônico de votação.