Título: Via Campesina pede que Lula siga Evo e Chávez
Autor: Máximo, Luciano
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/01/2007, Nacional, p. A9
O coordenador internacional da Via Campesina, Rafael Alegria, disse ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve seguir os passos de Bolívia, Venezuela e Equador e tratar a reforma agrária ¿com pulso firme, vontade política e patriotismo¿. ¿É um dos únicos meios para acabar com a pobreza e com a fome no continente¿, afirmou o hondurenho Alegria.
A Via Campesina, uma rede internacional de movimentos de trabalhadores rurais, tem feito críticas tão ácidas à política agrária de Lula durante os debates que o coordenador nacional do Movimento dos Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, disse que está sendo necessário defendê-lo. ¿As avaliações têm sido duras aqui no fórum. Todos os movimentos sociais têm críticas. Às vezes nós mesmos temos de sair em defesa do governo¿, disse Rodrigues. Segundo ele, as entidades campesinas da América Latina, África e Ásia não vêem no petista uma referência para os trabalhadores.
O próprio líder do MST acabou endossando essa visão, ao defender a tese de que a reforma agrária não andou no Brasil nos últimos quatro anos. ¿Não há avanços, não há novos assentamentos, não há modelos para mostrar ao mundo. Não houve desconcentração de terra no Brasil durante o governo Lula¿, criticou o líder.
Segundo Rodrigues, o governo não ataca as organizações ligadas à luta pela terra, mas ao mesmo tempo não avança nas políticas reivindicadas por elas. ¿Nosso foco é a soberania alimentar. Queremos mais atenção ao mercado interno para garantir a produção e o desenvolvimento de pequenos produtores, mas o foco do atual modelo econômico brasileiro privilegia o agronegócio, o mercado externo.¿ Para Malarivo Toto Julien, dirigente de entidade de trabalhadores rurais de Madagáscar, onde 80% do PIB vem da agricultura, Lula tem de cumprir promessa do primeiro mandato e distribuir terras improdutivas. O Fórum Social Mundial prossegue até quinta.