Título: Alckmin defende modelo de contrato
Autor: Lopes, Elizabeth e Menocchi, Simone
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/01/2007, Metrópole, p. C4

Dez dias depois do maior acidente ocorrido nas obras do metrô, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) falou, com exclusividade ao Estado, sobre o desabamento que vitimou oficialmente seis pessoas e descartou que o desastre possa ter ocorrido em razão do tipo de contrato - turn key (preço fechado) - firmado durante sua gestão no Executivo paulista com o Consórcio Via Amarela. 'Esse tipo de contrato é uma exigência do Banco Mundial (um dos financiadores do projeto da linha 4 do metrô) e é feito no mundo inteiro', destacou.

Além de defender o modelo de contrato utilizado na linha 4 do metrô, o ex-governador disse que o momento é de solidariedade às famílias das vítimas. 'A palavra mais importante nesse momento é de solidariedade às vítimas e às famílias das vítimas desse acidente.' Alckmin negou que o desabamento das obras da futura Estação Pinheiros do metrô tenha trazido também qualquer desgaste na sua relação com o governador José Serra. 'Eu telefonei ao Serra no dia seguinte do acidente e falei que todas as providências estavam corretas. O governo (estadual) agiu de maneira correta.'

Derrotado no segundo turno das eleições presidenciais de 2006, Alckmin também não acredita que o desabamento das obras do Metrô possa ser considerado uma das piores recordações de seus anos de governo à frente do Executivo paulista. 'Não sou governador (de São Paulo) há mais de dez meses', justificou. E continuou: 'A linha 4 do metrô continua sendo, na minha opinião, a mais importante do sistema metroviário de São Paulo, pois transportará (quando concluída) cerca de 900 mil passageiros por dia e será ponto de integração com outras linhas. Lamentavelmente ocorreu essa tragédia'.

Questionado se poderia ter ocorrido algum erro na condução da obra ou nos métodos de engenharia empregado, disse: 'É precipitado dizer qualquer coisa neste momento, não vou entrar nas questões de engenharia, precisamos aguardar os laudos da investigação'.

O tucano afirmou, ainda, que o contrato turn key se refere apenas ao preço fechado e não à fiscalização das obras. Na sua opinião, o Metrô tem uma gerência apenas para a linha 4, enquanto o contrato firmado em sua gestão determina também a fiscalização por uma empresa externa. 'Portanto, temos duas fiscalizações, uma do Metrô e outra externa.'

AULA

O ex-governador de São Paulo retomou ontem à noite sua carreira de professor com uma aula inaugural na Faap (Fundação Armando Álvares Penteado) em São José dos Campos, Vale do Paraíba. Alckmin foi contratado pela faculdade para ministrar aulas, a partir do segundo semestre, no curso de Gerente de Cidade.

Antes de assumir o cargo - dará aulas nas unidades de São José dos Campos e São Paulo - viaja quinta-feira para os Estados Unidos, onde irá estudar na Universidade de Harvard até o final de junho. 'Ir para Harvard é uma grande oportunidade de estudar temas de políticas públicas e depois o magistério, que eu adoro. Gerência de cidades é um tema apaixonante', disse, pouco antes da palestra para 140 pessoas. 'Vou falar sobre administração pública e mostrar as vantagens do contrato de gestão.'

Assim que voltar dos Estados Unidos, ele planeja também percorrer alguns lugares do País onde teve votações expressivas.