Título: Governadores querem ser ouvidos sobre obras
Autor: Scinocca, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/01/2007, Nacional, p. A6

Insatisfeitos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, governadores preparam uma força-tarefa para tentar interferir na escolha dos investimentos e das obras previstos pelo governo federal no pacote.

O primeiro passo da articulação conjunta será dado na segunda-feira, em Brasília, quando eles se reúnem para elaborar um documento a ser levado ao presidente Lula na reunião do dia 6 de março. O texto deverá conter as reivindicações das cinco regiões do País, sugestões de modificações no PAC - sobretudo em relação a obras sugeridas pelo Planalto e que não são vistas como prioritárias pelos Estados -, além de apontamentos em relação às reformas tributária e política. Todos os 27 governadores devem ser ouvidos.

A principal reclamação dos líderes estaduais é em relação à perda de cerca de R$ 627 milhões com as medidas de desoneração tributária incluídas no programa lançado na segunda-feira.

COORDENADORES

O encontro da semana que vem contará com a presença de pelo menos um governador de cada região do País. ¿Para facilitar os trabalhos, decidimos que cada região terá um representante. Até segunda, cada coordenador ficará encarregado de estruturar as demandas de sua região¿, afirmou o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (PFL). A exemplo da reunião de anteontem, da qual Arruda também foi o anfitrião, o encontro de segunda-feira será realizado na residência oficial de Águas Claras, na hora do almoço.

Até ontem, quase todas as regiões já tinham seus coordenadores definidos. O governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), foi escalado para representar o Centro-Oeste. O Nordeste terá dois coordenadores: o tucano Cássio Cunha Lima, da Paraíba, e Marcelo Déda (PT), de Sergipe. Eduardo Braga (PMDB), do Amazonas, foi escolhido o coordenador da Região Norte.

A Região Sul ficará sob responsabilidade da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), e do governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB). Embora tenha faltado ao anúncio do PAC, assim como também esteve ausente o governador de Roraima, Ottomar Pinto (PSDB), Luiz Henrique telefonou ontem para Arruda confirmando sua participação na reunião de segunda-feira e assumindo o compromisso pela agenda comum.

O Sudeste é a única região que ainda não definiu seu coordenador. O tucano Aécio Neves (MG) e os peemedebistas Paulo Hartung (ES) e Sérgio Cabral (RJ) ficaram de contatar o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), para que juntos escolhessem o representante regional. Serra esteve em Brasília para o anúncio do programa de Lula, mas faltou ao almoço promovido na seqüência por Arruda argumentando que tinha compromissos no interior paulista.

Após o anúncio do PAC, vários governadores queixaram-se de que não foram ouvidos pelo Planalto. ¿Não queremos fazer cabo de força com o governo federal. Mas é preciso harmonia¿, resumiu o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).

NÚMEROS

R$ 627 milhões é quanto governadores e prefeitos perderão este ano com as medidas do PAC

R$ 593 milhões é a renúncia provocada pelo reajuste em 4,5% da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física