Título: 'Governo de Siniora é um obstáculo para o Líbano'
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/01/2007, Internacional, p. A10

O economista libanês Boutros Labaki, presidente do Instituto para o Desenvolvimento Econômico e Social, explicou ao Estado, por telefone, por que acredita que os protestos perseguem reivindicações legítimas:

Conflitos como esse continuarão a ser um obstáculo à reconstrução do Líbano?

O obstáculo tem sido o governo de Siniora. Primeiro porque não tem força para manter o país unido. Depois porque, por excesso de burocracia e falta de competência, não conseguiu sequer começar a erguer a infra-estrutura destruída na guerra com Israel.

Por que essa greve na véspera de uma conferência cujo objetivo é arrecadar fundos para o Líbano?

A oposição diz que o Ocidente não quer ajudar o Líbano, mas fortalecer Siniora em sua disputa com o Hezbollah, o Amal e (o líder cristão) Michel Aun. O objetivo era mostrar para a comunidade internacional que esse governo não tem apoio de boa parte da população.

Mas o dinheiro iria ajudar...

O dinheiro serviria antes de tudo para pagar dívidas. Siniora defende um pacote de medidas econômicas que seguem as recomendações do FMI e Banco Mundial - e a população resolveu protestar porque teme que o resultado seja mais recessão.

O Hezbollah teria força hoje para derrubar Siniora?

O Hezbollah não quer derrubar Siniora, quer mais participação no governo. No gabinete atual não estão representados os xiitas, nem seus aliados, como os cristãos de Aun - que são grande parcela da população.

Existe o risco de uma nova guerra civil?

Acho difícil. O país ainda carrega o trauma da destruição causada pela guerra civil (1975-1990). Todos sabem que pregar a guerra seria um suicídio político.