Título: Evo e sindicatos se unem para controlar conflitos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 24/01/2007, Internacional, p. A12

O governo do presidente boliviano, Evo Morales, e mais de 20 sindicatos e outras organizações populares aliadas formaram ontem um grupo - a Coordenação Nacional para a Mudança - com o objetivo de evitar conflitos sociais e auxiliar na execução de políticas nacionais. A criação do organismo resulta do esforço do governo de retomar as rédeas dos movimentos de rua, cujos protestos nos últimos dias, em Cochabamba e La Paz, pela renúncia dos governadores dos dois departamentos estiveram a ponto de sair do controle.

Há duas semanas, protestos para exigir a renúncia do governador de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, de oposição a Evo, resultaram na morte de dois manifestantes. Preocupado com a dimensão das revoltas populares, o governo de Evo reagiu e conseguiu conter um movimento semelhante - contra o também opositor governador de La Paz, José Luis Paredes - na segunda-feira, liderado pela aguerrida Fejuve, a federação de associações de moradores da cidade-dormitório de El Alto, a 12 quilômetros de La Paz.

Na segunda-feira, durante o discurso que marcou o primeiro aniversário de sua chegada ao poder, Evo admitiu que a falta de coordenação dos movimentos sociais tem sido uma das principais deficiências do governo. ¿Juntos, as forças sociais, o Poder Executivo, os deputados (que formam a base de apoio governista) do Poder Legislativo e a Assembléia Constituinte (instalada em Sucre) vamos garantir a mudança estrutural, social e cultural do país¿, discursou Evo durante o ato da fundação do grupo, que marcou oficialmente a abertura do segundo ano de mandato. O grupo é composto por organizações de mineiros, camponeses - principalmente cultivadores de folha de coca - e indígenas, além de sem-teto e agricultores sem-terra.

Evo disse ainda que não se importa com a denominação que receberá a ¿revolução¿ com a qual promete ¿refundar a Bolívia¿. ¿Em Cuba dizem que é comunismo, na Venezuela falam em socialismo. Eu diria que aqui é humanismo¿, afirmou.

O presidente boliviano também rejeitou acusações de um jornal da Espanha sobre vínculos entre seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), e a organização separatista basca ETA. ¿Não vejo como um partido como o MAS poderia ter alguma relação com o grupo basco¿, afirmou Evo. ¿Não sei como alguém poderia ter chegado a essa conclusão.¿