Título: Lula reúne 11 partidos da coalizão na terça para reagir a governadores
Autor: Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/01/2007, Nacional, p. A5

O Palácio do Planalto vai tentar neutralizar no Congresso as reações contrárias de governadores ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Na próxima terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne com os presidentes dos 11 partidos da base de coalizão do governo para discutir a aprovação de medidas necessárias à implementação do programa.

Em entrevista no Palácio do Planalto, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, disse considerar ¿normais¿ as críticas que governadores e parlamentares aliados têm feito a pontos do PAC. Ele também avaliou que é possível negociar a aprovação das medidas e minimizou declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de não atender a reivindicações dos governadores. ¿O que o ministro Guido disse é que não podemos modificar o elenco de obras e medidas que dão sustentação ao PAC¿, explicou Tarso.

Em entrevista ao Jornal das Dez, da Globo News, ele negou que o governo federal venha a destinar maior volume de recursos aos Estados para conquistar o apoio dos governadores ao PAC. ¿Não haverá um toma-lá-dá-cá do governo para aprovar este ou aquele projeto que possa desestruturar essas medidas que estão sendo reclamadas pela sociedade brasileira há muito tempo, reabrindo inclusive a agenda política do País a partir de hoje na questão do crescimento.¿

Tarso disse contar até mesmo com ¿a colaboração da oposição para aprovar o PAC¿, ¿porque muitas das questões propostas foram objeto de crítica por parte da oposição durante o primeiro governo do presidente Lula¿.

O ministro das Relações Institucionais ressaltou ainda que a disputa pela presidência da Câmara entre os aliados Aldo Rebelo (PC do B-SP), que tenta a reeleição, e Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do governo, não vai dificultar a discussão do programa na própria base de apoio do presidente Lula.

¿A divisão interna dos partidos que apóiam Aldo ou Arlindo não atinge a questão pragmática do PAC¿, disse o petista. ¿O clima interno na coalizão para discutir o programa é excelente.¿

Tarso, no entanto, admitiu que essa divisão da base aliada pode levar a disputa pela presidência na Câmara para o segundo turno e disse trabalhar ¿para que os ânimos não se exacerbem muito¿ a ponto de dividir e provocar uma derrota dos governistas na eleição. O terceiro candidato na disputa é o tucano Gustavo Fruet (PR).

O ministro informou que o governo debaterá com os governadores uma série de medidas na área tributária. Além disso, tentará firmar acordos a fim de garantir o apoio político no Congresso para aprovar outros pontos para a implementação do PAC.

REFORMAS

Na entrevista que concedeu ontem no Planalto, Tarso Genro deixou escapar que o governo não está preocupado em aprovar as reformas política e tributária. ¿O governo Lula não precisa da reforma política para governar nem da reforma tributária¿, afirmou.

Mais tarde, ele fez uma série de ponderações na tentativa de contornar a declaração e mostrar que o governo defende, sim, com unhas e dentes as reformas. O ministro lembrou, por exemplo, que o assunto esteve na pauta de discussões do governo e do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social por longo tempo.

Tarso informou que depois da disputa pelas presidências da Câmara e do Senado o palácio enviará ao Congresso as propostas de reforma elaboradas pelo conselho, pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pelo Ministério da Justiça. A meta é tentar avançar nas negociações das reformas ainda no primeiro semestre deste ano. ¿O governo não pretende protagonizá-las, ser um coordenador desse processo.¿

Durante a entrevista, o ministro explicou que, embora ¿o governo Lula não precise das reformas¿, o Executivo considera uma ¿obrigação moral, política e institucional¿ defendê-las.

¿O presidente Lula entende que a reforma política e a tributária são importantes para o País, por isso quer realizá-las¿, frisou o ministro.

O temor do governo, de acordo com Tarso, é que o empenho na defesa das propostas de reforma não seja bem recebido pela opinião pública e pelo Congresso. ¿Temos uma obrigação de realizar as reformas, mas isso não pode parecer uma chantagem em relação ao Congresso.¿