Título: Entre 2002 e 2006, rendimento real do trabalhador tem queda de 6,8%
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/01/2007, Economia, p. B4

A recuperação no mercado de trabalho diagnosticada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no primeiro mandato do governo Lula não impediu que o rendimento médio dos trabalhadores nas seis principais regiões metropolitanas tenha sido, em 2006, 6,8% menor do que em 2002.

Dados divulgados ontem pelo IBGE mostram que, na média de março a dezembro de 2002, o rendimento era de R$ 1.127,53, enquanto na média do mesmo período de 2006 não ultrapassava R$ 1.051,11. A comparação usa a média de 10 meses porque em 2002, quando houve a mudança de metodologia na pesquisa mensal de emprego, houve problemas na computação de dados de algumas regiões metropolitanas em janeiro e fevereiro e, portanto, os dados do mercado de trabalho naquele ano referem-se a 10 meses.

Ainda levando-se em conta o período de março a dezembro, no primeiro mandato houve uma queda brutal na renda média dos trabalhadores no primeiro ano do governo Lula, com variação de 12,9% em relação a 2002. Nos anos seguintes houve aumentos em relação ao ano anterior de 0,3% em 2004, de 1,9% em 2005 e de 4,7% em 2006 - sempre referindo-se a 10 meses -, mas esses avanços não permitiram que a renda chegasse ao nível do último ano do governo anterior.

Para Cimar Azeredo, gerente da pesquisa mensal de emprego, essa queda no rendimento em relação ao apurado em 2002 é ¿o ponto mais delicado nessa retrospectiva¿ do mercado de trabalho no primeiro mandato.Marcelo de Ávila, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), avalia que ¿a queda é ruim, mas está havendo uma recomposição e em 2007 deveremos chegar ao nível de 2002¿.

Apesar da forte queda na renda em 2003 e da elevação na taxa de desemprego naquele ano, para 12,3% ante 11,7% em 2002, os quatro anos de Lula foram marcados por crescimento da renda (5,6% em 2006 ante 2003) e aumento no número de ocupados com carteira assinada no período (13,3%), além de queda do desemprego para o nível de 10% em 2006 e recuo do número de desocupados (-14,4% em 2006 ante 2003).

Segundo o IBGE, o número de ocupados que contribuem para a Previdência nas seis principais regiões metropolitanas cresceu 11,9% de 2003 a 2006.