Título: Desemprego no ano sobe para 10%
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/01/2007, Economia, p. B4

A taxa de desemprego apurada nas seis principais regiões metropolitanas do País interrompeu em 2006 uma trajetória de dois anos de queda e ficou em 10,0%, ante 9,8% em 2005. Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o resultado foi de ¿estabilidade¿ em relação ao ano anterior. A pequena elevação não impediu uma melhora qualitativa no mercado de trabalho, com alta na formalidade e no rendimento.

O gerente da pesquisa mensal de emprego do IBGE, Cimar Azeredo, disse que só com uma ¿economia muito mais aquecida¿ será possível gerar vagas suficientes para reduzir mais a taxa de desemprego. Marcelo de Ávila, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), concorda. ¿O PIB (Produto Interno Bruto) tem que crescer mais para o mercado absorver uma parcela maior de mão-de-obra¿. Em 2003 o desemprego foi de 12,3% e em 2004, de 11,5%.

Para Azeredo, 2006 foi marcado por ¿uma melhora mais qualitativa do que quantitativa¿ no mercado de trabalho. O número de pessoas ocupadas cresceu 2,3% ante 2005, expansão inferior às registradas em 2005 (3,0%) e 2004 (3,2%). O número de pessoas desocupadas (procurando emprego) cresceu 4,0% ante 2005.

O aumento no número de desocupados reverte a trajetória de queda registrada em 2005 ante 2004 (-13,4%) e em 2004 ante 2003 (-5,0%). Segundo Azeredo, é possível que o aumento na formalidade e a renda mais alta, tenha tornado mais atraente a procura por emprego, elevando o total de desocupados.

No que diz respeito à formalidade, o número de ocupados com carteira assinada cresceu 5,2% ante o ano anterior, enquanto o total de ocupados sem carteira assinada caiu 3,4%.

Em relatório sobre a pesquisa, economistas do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) disseram que o ¿comportamento da renda deve ter servido para que um maior número de pessoas se dispusesse a procurar emprego¿.

O rendimento médio real dos trabalhadores aumentou 4,3% em 2006 em relação a 2005. No ano passado, o rendimento médio mensal foi de R$ 1.045,75, ante R$ 1.022,66 no ano anterior. Segundo Azeredo, o aumento foi resultado do reajuste do salário mínimo e da inflação mais baixa.

A trajetória da renda média foi positiva em todo o ano passado. Em dezembro, quando a taxa de desemprego foi de 8,4%, ante 9,5% em novembro, o rendimento cresceu 0,6% em relação ao mês anterior e 4,5% ante dezembro de 2005.

A taxa de desemprego apurada em dezembro foi a menor desde dezembro de 2005 e respondeu mais à queda no número de desocupados (-13,3%) do que à geração de vagas de trabalho, já que o número de ocupados se manteve estável.

Segundo Azeredo, a baixa geração de vagas aliada ao fato de que o número de pessoas procurando emprego sempre aumenta no início do ano, torna possível antever uma alta na taxa de desemprego em janeiro de 2007, em relação a dezembro.