Título: Anac cancela 119 rotas da Varig, que promete ir à Justiça
Autor: Barbosa, Mariana
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/01/2007, Negócios, p. B10

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determinou à Varig a devolução de 23 slots (vaga para pousos e decolagens) em Congonhas e o cancelamento de 119 rotas domésticas. Para o presidente do Conselho de Administração da nova Varig, Marco Antonio Audi, a decisão da Anac é ¿uma ação unilateral¿. ¿Na nossa maneira de enxergar não perdemos nada. Se for preciso, vamos à Justiça para garantir nossos direitos¿, disse Audi ao Estado.

Quando recebeu o Certificado de Homologação de Empresas de Transporte Aéreo (Cheta), em 14 de dezembro, a Varig tinha 30 dias para retomar os slots e as linhas, sob pena de perder o que não fosse utilizado. Apenas em Congonhas, aeroporto mais concorrido do País, a Varig tinha 125 slots. A empresa argumenta que todos foram retomados. Mas, no entendimento da Anac, ela estaria operando com regularidade apenas 102 slots.

A empresa também tinha direito a 270 vôos quando recebeu o Cheta. Destes, 125 estavam sendo operados regularmente. De 14 de dezembro para cá, a Superintendência de Serviços Aéreos (SSA) verificou que a empresa retomou outros 26 vôos apenas. Por isso, a decisão de cancelar as 119 concessões remanescentes de linhas.

A maior perda para a Varig diz respeito aos slots de Congonhas, cuja operação está muito próxima do limite. Uma vez distribuídos à concorrência, a Varig não teria condição de recuperá-los. Já as linhas propriamente ditas, poderão, em sua maioria, ser gradualmente retomadas pois não estão atreladas à limitação de slots em aeroportos congestionados.

Em nota divulgada ontem, a Varig afirmou que está analisando a decisão da Anac e que vai se pronunciar no momento oportuno. A Varig tem ainda pouco menos de cinco meses - 180 dias a contar da liberação do Cheta - para retomar as linhas internacionais.

DESISTÊNCIA

Fontes do mercado revelam que o investidor americano que comprou a Varig em sociedade com Audi, o fundo Matlin Patterson, decidiu não mais aportar recursos na empresa, por isso a dificuldade em encontrar novos aviões. Segundo essas fontes, o Matlin estaria em busca de novos investidores para passar o negócio adiante. Audi nega. ¿Ficam inventando coisas. Os investimentos na Varig e na VarigLog já ultrapassam US$ 500 milhões. São números gigantes. Não tem ninguém desistindo de nada.¿

Sem revelar nomes, Audi afirma, que a empresa já foi procurada por cinco investidores. ¿Se for interessante, e dentro da lei, nada nos impede de fazer negócios, mas não estamos em busca de investidores.¿

Segundo o executivo, a empresa está ampliando sua frota na velocidade ¿possível¿. ¿Hoje (ontem) incorporamos mais um Boeing 737 e temos outros a caminho¿. Audi garante que já assinou carta de compromisso com empresas de leasing para a incorporação, em fevereiro, de outros sete aviões. ¿Também compramos, via leasing, sete Boeings 757 para a VarigLog.¿

O avião recém incorporado pela Varig já fazia parte da frota, mas estava fora de uso desde o dia 17. O avião foi afastado por determinação da Anac, que decidiu realizar uma inspeção após um incidente de derrapagem (ou freagem brusca, de acordo com a Varig) na pista de Congonhas. O avião ficou sob inspeção por cerca de 48 horas, mas só ontem foi liberado.