Título: Ação conjunta entre EUA e Iraque mata 250 insurgentes no sul do país
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Fonte: O Estado de São Paulo, 29/01/2007, Internacional, p. A8

Forças iraquianas e americanas mataram ontem cerca de 250 supostos combatentes na cidade sagrada de Najaf, 160 quilômetros ao sul de Bagdá. Durante o confronto, um helicóptero americano foi abatido, matando os dois soldados que estavam a bordo. Dois policiais iraquianos também morreram na batalha.

Segundo o governador da província de Najaf, Assad Abu Kilel, a operação começou no fim da tarde, quando as tropas usaram tanques, carros blindados e helicópteros para atacar o grupo armado - que estava escondido em uma área rural nos arredores da cidade. Os militantes contra-atacaram usando armas automáticas e foguetes, além de franco-atiradores. ¿Eles estavam bem equipados e tiveram apoio de militantes partidários de Saddam Hussein¿, disse Kilel.

O porta-voz das forças iraquianas em Najaf, coronel Ali Nomas, disse que mais de 250 corpos foram encontrados no local da batalha - que continuou durante toda a madrugada. Ao menos 10 insurgentes foram presos, incluindo um sudanês.

Muitos dos militantes mortos, segundo o Exército iraquiano, usavam um lenço na cabeça no qual se lia ¿soldado do céu¿ - uma milícia provavelmente desconhecida até então. De acordo com um político iraquiano que não quis ser identificado, havia tanto xiitas como sunitas no grupo armado. Eles seriam seguidores do clérigo Ahmed Hasani al-Yemeni e fariam parte de uma seita cuja sede foi fechada há 10 dias por forças iraquianas.

O governador de Najaf informou ainda que o grupo estaria planejando um grande ataque para hoje contra milhares de peregrinos xiitas que viajam para Kerbala (entre Najaf e Bagdá) para comemorar a Ashura, cerimônia religiosa em que os xiitas se flagelam para lembrar o martírio de imã Hussein, neto do profeta Maomé. A data é uma das mais importantes do calendário islâmico.

MAIS VIOLÊNCIA

O domingo foi violento não apenas em Najaf, mas em todo o Iraque, onde 61 pessoas morreram. Em Bagdá, um atentado em uma escola para meninas matou cinco e feriu mais de 20.

Por volta das 11 horas da manhã, diversos morteiros foram lançados contra o pátio da escola de ensino médio Kholoud, localizada no bairro sunita de Adil. O diretor do colégio, Fawzyaa Hatrosh Sawadi, disse que as estudantes estavam conversando no pátio durante o intervalo quando os ataques começaram.

Até a noite de ontem, nenhum grupo tinha assumido a autoria do atentado, mas organizações sunitas acusaram milícias xiitas que têm ligação com as forças do governo. O conflito sectário entre xiitas e sunitas que vem assolando Bagdá é, atualmente, a principal causa de mortes na capital.

Em um comunicado conjunto, a Unicef e a Unesco condenaram o ataque. ¿Um crime imperdoável que serve como uma trágica lembrança dos riscos que as crianças iraquianas estão correndo enquanto se esforçam para continuar estudando¿, dizia o documento.

Ainda ontem em Bagdá, outros ataques mataram mais sete pessoas. No pior deles, um carro-bomba foi detonado em um mercado de rua no reduto xiita de Cidade Sadr, matando quatro pessoas e ferindo mais de 40. A polícia informou ainda que mais de 50 corpos - muitos com sinais de tortura - foram encontrados nos arredores da capital.

Próximo de Bagdá, em Ramadi, dois alunos de uma escola primária também morreram atingidos pela explosão de um caminhão perto de uma base de segurança iraquiana, matando também três guardas que estavam no local. Em Kirkuk, a 300 quilômetros de Bagdá, outros dois veículos foram detonados em diferentes locais da cidade, matando ao menos 11 civis. Mais dois iraquianos morreram em Faluja, também vítimas de explosões de carros-bomba.