Título: Fruet agrega valores éticos à eleição
Autor: Scarance, Guilherme
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/01/2007, Nacional, p. A4

A candidatura do deputado Gustavo Fruet à presidência da Câmara agrega valores éticos a uma disputa interna que, antes, se mantinha totalmente alheia às expectativas da opinião pública. Em vias de iniciar seu terceiro mandato, politicamente respeitado por sua seriedade, Fruet possui uma visão clara e objetiva dos pontos de atrito nas relações entre o Executivo e o Legislativo e vontade política para solucioná-los. Eleito, terá o respaldo da maioria da Câmara para negociar as mudanças necessárias.

No caso, o PSDB agiu, o tempo todo, da forma mais correta e transparente. Os problemas todos - que, inclusive, levaram nossa bancada a referendar a candidatura do companheiro Fruet - nasceram, sem exceção, dentro da coalizão governista. Sua raiz é o vezo do governo Lula de tudo decidir sem que sua base de sustentação legislativa opine.

Essa conduta desastrada produziu duas candidaturas muito parecidas, inclusive na falta de sintonia com as aspirações do eleitor.

O mau jeito do governo prejudicou-o. O deputado Jutahy Jr., que me antecedeu na liderança, observando a liturgia do processo eleitoral, anunciou apoio ao deputado Arlindo Chinaglia, com alicerce no princípio da proporcionalidade. Mas, ao mesmo tempo, a rejeição do Legislativo à intromissão de operadores do Planalto numa questão interna da Casa dava origem ao Grupo dos 30. Formado por deputados de vários partidos, ele articulou uma terceira força, unida em torno de propostas e princípios e ainda sem face.

Ao ficar claro que a face da terceira via era o Fruet, o PSDB decidiu apoiá-lo por aclamação. O candidato do PSDB quer, como os brasileiros, o fim de uma situação que apequena o Legislativo. Hoje, em cada 10 matérias aqui votadas, 7 têm origem no Executivo e chegaram à Câmara, quase sempre, sob a forma autoritária de medidas provisórias. Isso impede o Parlamento, por falta de tempo e trancamento da pauta, de discutir questões importantes e apresentar as suas propostas para os problemas da Nação.

À luz da Constituição, o presidente da República não pode ser um general sem farda, nem é aceitável que a Câmara só possa, no exame de questões complexas, responder sim ou não. A candidatura Fruet é uma tentativa séria e viável de modificar tal realidade insatisfatória.

É, também, a melhor oportunidade da Casa para pôr abaixo as votações secretas - inclusive a que vai eleger o seu novo presidente -, nas quais o parlamentar se oculta sob o véu do sigilo para não arcar com as conseqüências do seu voto ante os brasileiros.