Título: PT deixa dossiê Vedoin para diretórios locais
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/01/2007, Nacional, p. A8

Em reunião ontem à noite, a Executiva Nacional do PT decidiu abrir comissão de ética nos diretórios municipais para expulsar o ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Veloso e o ex-sindicalista Oswaldo Bargas, dois dos principais personagens da tentativa de compra do dossiê Vedoin, contra tucanos, na campanha eleitoral. Para reduzir o impacto da medida, no entanto, as investigações não serão abertas pelo diretório nacional do partido, mas sim pelas seções nas quais os dois estão filiados.

Ao contrário dos outros envolvidos, os dois não se desfiliaram e contestam o fato de terem sido "politicamente expulsos" em outubro. Pelo estatuto petista, um filiado só pode ser expulso após processo na comissão de ética.

Ontem, na primeira reunião com a cúpula após reassumir a presidência do PT, no início do mês, o deputado Ricardo Berzoini (SP) conduziu o debate de forma a reduzir o desgaste para o partido e o governo. Amigo do presidente Lula, Bargas está filiado no diretório de São Bernardo do Campo (SP) e Expedito no de Brasília. Na época do escândalo, Berzoini foi afastado da campanha e da presidência do PT, mas a Polícia Federal o inocentou.

JUROS

Na reunião de ontem, a Executiva também decidiu que vai cobrar de Lula mais rapidez na queda da taxa de juros. Para a Executiva, a queda de 0,25 ponto porcentual foi ¿tímida e insuficiente e contraditória¿ com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)¿. Seguindo recomendação do Planalto, porém, os petistas preferiram não partir para o confronto com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. A ordem foi reduzir o potencial de conflito para Lula.

A comissão política do PT reúne-se hoje com Lula para reivindicar mais espaço no governo e reclamar do ritmo de queda dos juros. "Há falta de sintonia do BC em relação ao esforço do crescimento", disse o deputado Maurício Rands (PE). "A decisão acabou destoando do conjunto das medidas do PAC", concordou a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC).

O líder na Câmara, Henrique Fontana (RS), disse haver a convicção no partido de que os juros podem ser mais baixos e a queda mais rápida. Deixou claro, porém, como o PT tratará do assunto para o público externo: "Estamos preocupados com a influência da taxa de juros no crescimento, mas não vamos fulanizar esse debate." Seu colega Fernando Ferro (PT-PE) foi no mesmo tom. "Não faremos isso, até porque o presidente do BC pode sair e entrar outro igual ou pior."

Na reunião com Lula, a comissão política do PT também reafirmará o interesse em reassumir os Ministérios da Saúde, que o PMDB comanda, e das Cidades, dirigido pelo PP. O PT controla hoje 15 dos 34 ministérios.